"Se o Hamas não libertar os nossos reféns até ao meio-dia de sábado, o cessar-fogo terminará e [o exército israelita] retomará os combates intensos até que o Hamas seja definitivamente derrotado", declarou Netanyahu em comunicado, sem especificar se se referia a todos os reféns mantidos em cativeiro em Gaza ou ao pequeno grupo que deverá ser libertado no sábado, no âmbito da troca com os palestinianos detidos por Israel.

O anúncio de Netanyahu foi feito depois de ter reunido durante quatro horas com o gabinete de segurança.

"A decisão que foi aprovada por unanimidade no Conselho de Ministros é a seguinte: Se o Hamas não devolver os nossos reféns até ao meio-dia de sábado, o cessar-fogo terminará e o exército retomará os combates intensos até que o Hamas seja finalmente derrotado", disse Netanyahu numa mensagem de vídeo divulgada hoje, sem especificar se se referia aos três prisioneiros que estavam previstos para a troca de sábado ou aos nove da primeira fase ainda vivos.

Um funcionário israelita disse à imprensa local, sob condição de anonimato, que se tratava dos nove reféns ainda vivos e que deveriam ser libertados no prazo de 42 dias após a primeira fase do cessar-fogo.

"À luz do anúncio do Hamas sobre a sua decisão de violar o acordo e não libertar os nossos reféns, ordenei ontem à noite [segunda-feira] às forças armadas que reforçassem as suas posições na Faixa de Gaza e nos arredores. Esta operação está atualmente em curso e será concluída em breve", acrescentou.

Em comunicado, o exército israelita confirmou que tinha mobilizado tropas e reservistas adicionais no sul da Faixa de Gaza "em preparação para vários cenários".

No entanto, o ministro das Finanças israelita, Bezalel Smotrich, um dos principais aliados de extrema-direita de Netanyahu, pediu-lhe hoje que seguisse o conselho do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e exigisse que o Hamas libertasse todos os reféns ou enfrentaria o "inferno".

"O primeiro-ministro deve seguir a declaração perfeitamente moral, simples e clara do Presidente Trump e informar o Hamas de forma inequívoca: ou todos os reféns são libertados até sábado [...] ou abriremos as portas do inferno sobre eles, e isso significa que não haverá mais eletricidade, nem água, nem combustível, nem ajuda humanitária", afirmou Smotrich em comunicado.

Pouco antes de Netanyahu anunciar publicamente esta posição, responsáveis israelitas, mais uma vez sob condição de anonimato, já tinham avançado que o governo apoia a ameaça de Trump de desencadear o "inferno" na Faixa de Gaza se os reféns não fossem libertados até ao meio-dia de sábado.

"No que me diz respeito, se não recuperarem todos os reféns até sábado às 12 horas, uma hora apropriada, o que eu diria é que vamos cancelar tudo. Tudo é permitido e vamos deixar o inferno à solta", disse Trump a partir da Sala Oval, depois de assinar várias ordens executivas.

Netanyahu reiterou hoje que todos "aplaudem" a sugestão de Trump, bem como a sua "visão revolucionária para o futuro de Gaza", uma vez que a proposta de esvaziar a Faixa de Gaza, um crime de guerra se for levada a cabo à força ao abrigo do direito internacional, parece ter-se tornado bem acolhida entre os responsáveis israelitas.

Como razões para adiar aquela que seria a sexta troca de reféns prevista para sábado, o Hamas citou as violações cometidas pelo governo israelita, tais como o atraso de um dia no regresso das pessoas deslocadas ao norte de Gaza, o facto de continuar a matar habitantes de Gaza no enclave e o facto de só permitir a entrada de 10% das 200.000 tendas previstas, habitações pré-fabricadas ou maquinaria de remoção de escombros.

 

JSD // JMR

Lusa/Fim