"A contagem, realizada em 197 mil hectares, entre 8 e 22 de outubro, documentou 110.513 animais de grande porte. Os números mais elevados alguma vez registados", refere-se num relatório do parque.
De acordo com o Parque, o levantamento aéreo da vida selvagem confirmou que os "incríveis" esforços de restauração estão a funcionar.
"Os destaques incluem a maior contagem de elefantes de sempre e nenhum sinal de caça furtiva ou de animais apanhados em armadilhas", avança.
A última contagem aérea da vida selvagem naquela área realizou-se em 2022 e documentou a presença de mais de 100.000 animais em 60% do Parque Nacional da Gorongosa, incluindo cerca de 1.500 gnus azuis, mais de 1.400 búfalos ou de 900 hipopótamos.
Esse levantamento detetou, especificamente, a presença de 2.748 crocodilos, 873 elefantes, 1.958 búfalos, 4.019 antílopes, 16.291 impalas, entre outras espécies.
O relatório avança que o número de herbívoros no parque, estimado em 107.765, é maior que o documentado entre 1960 e 1970, apesar de existirem, atualmente, mais animais de pequeno porte.
"Algumas espécies estão a exibir forte crescimento, em particular impala.Outras espécies estão ainda numa trajetória descendente, provavelmente refletindo o aumento da concorrência e da predação", explica-se.
O Parque explica que a Gorongosa serve de refúgio para espécies vulneráveis e "criticamente ameaçadas", Incluindo 274 calaus terrestres e 73 ninhos activos de abutres, dos quais 29 pertencem aos abutres-de-cabeça-branca.
Refere ainda que foram adicionados, recentemente, dois leopardos e sete hienas ao Parque, o que reforça a crescente população de predadores daquela àrea de conservação.
"As translocações de leopardos e hienas fazem parte de uma iniciativa de quatro anos para fortalecer a população de predadores do Parque e restaurar o equilíbrio ecológico", acrescenta-se.
Na época colonial, a Gorongosa foi o primeiro parque nacional de Portugal, em 1960, dilacerado posteriormente, entre 1977 e 1992, pela guerra civil que se seguiu à independência de Moçambique.
Em 2008, a fundação do milionário e filantropo norte-americano Greg Carr assinou com o Governo moçambicano um acordo de gestão do parque por 20 anos - prolongando-o por outros 25 anos em 2018 - que tem levado à sua renovação em várias frentes, com projetos sociais aliados à conservação e com o número de animais a crescer de 10.000 para mais de 102.000.
Há mais de 20 anos, Greg Carr redescobriu Gorongosa e o mais importante parque moçambicano nunca mais foi o mesmo, reabilitado, com mais fauna e flora, voltado para a comunidade, deixando o milionário e filantropo norte-americano emocionado.
"Na minha opinião, o melhor parque de todo o mundo. Porquê? Temos biodiversidade, beleza. O nosso projeto tem dois objetivos: Conservação da natureza e desenvolvimento humano para as comunidades à volta do parque. Temos projetos de agricultura, saúde, educação. Estou orgulhoso", explicou Carr, em entrevista à Lusa, no Chitengo, em pleno Parque Nacional da Gorongosa.
Hoje, o parque representa quase um mundo à parte em Moçambique, com 1.700 trabalhadores, incluindo sazonais e uma força de fiscais da natureza que atua em todo o território. Na área do parque produz-se já café e mel da Gorongosa, a pensar na exportação e que representa uma renda para milhares de famílias.
LYCE (PVJ) // VM
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