"Os terroristas não tiveram espaço para manter por muito tempo, a nossa força já ocupou a base, está lá a nossa força a controlar o acampamento de Catupa", disse o administrador do distrito de Macomia, Tomás Badae, em declarações aos jornalistas.

O grupo extremista Estado Islâmico reivindicou um ataque ocorrido no dia anterior a um acampamento do Exército moçambicano em Macomia, Cabo Delgado, afirmando que provocou a morte de pelo menos dez militares, conforme noticiado anteriormente pela Lusa.

Numa informação colocada nos seus canais de propaganda, o Estado Islâmico afirmava que o ataque aconteceu em 27 de maio, documentando a reivindicação, não confirmada pelas autoridades moçambicanas, com uma fotografia.

O mesmo grupo acrescentou que o acampamento militar foi destruído no alegado ataque, o segundo em menos de um mês, depois de outro do género em Muidumbe, que os insurgentes garantiram ter causado 11 mortos entre o Exército moçambicano.

Um membro da Força Local confirmou à Lusa, em 30 de maio, a invasão dos rebeldes à base de Catupa: "Houve sim tentativa de invasão dos terroristas, mas não sei dizer se houve ou não mortes de ambas as partes".

Em declarações aos jornalistas, o administrador de Macomia disse hoje que, não obstante os últimos ataques, o distrito está "relativamente calmo" e que a "situação de segurança está controlada".

"Graças ao esforço da Força Local, das Forças de Armadas e a força amiga do Ruanda, a população está tranquila", disse Tomás Badae.

Mais de 22 mil pessoas já regressaram aos postos administrativos de Mucojo e Chai, no distrito de Macomia, desde o início dos ataques de homens armados, disse o administrador, que avançou também a retoma de todos os serviços públicos.

Localizado ao longo da estrada nacional EN380, o distrito de Macomia está no centro de Cabo Delgado, distando 200 quilómetros da cidade de Pemba, capital provincial.

As Forças Armadas de Defesa de Moçambique e suas congéneres do Ruanda combatem, desde 2017, a insurgência em Cabo Delgado, com auxílio da designada Força Local, composta sobretudo por antigos guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), que liderou a guerra contra o regime colonial português (1964-1974) e que voluntariamente voltaram a pegar em armas para combater os grupos rebeldes.

Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico, que chegaram a provocar mais de um milhão de deslocados.

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos na província, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.

PME/RYCE // JMC

Lusa/Fim