Os Estados Unidos (EUA) insistiram hoje que todos os países da NATO, incluindo a Espanha, devem destinar 5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) à defesa, depois de o Governo espanhol ter rejeitado um novo aumento da despesa militar.

O Governo espanhol comunicou hoje o desacordo com o aumento das despesas com a defesa para 5% do PIB, como tinha proposto o secretário-geral da Aliança Atlântica, Mark Rutte, a todos os Estados-membros da organização.

"Para Espanha, comprometer-se com um objetivo de 5% seria não só irracional como também contraproducente; afastaria Espanha da despesa ótima e dificultaria os esforços da União Europeia para fortalecer o seu ecossistema de segurança e defesa", escreveu o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, numa carta enviada a Mark Rutte, tornada pública pelo executivo de Madrid.

Questionada sobre esta tomada de posição do Governo espanhol, a porta-voz da Casa Branca (presidência norte-americana), citada pela agência de notícia espanhola EFE, insistiu que "é justo" que todos países europeus paguem a sua parte.

"Não vi os comentários da Espanha. Vou assegurar-me de que o Presidente [Donald Trump] os veja, e posso garantir-vos que ele quer que todos os países europeus paguem a sua parte justa e alcancem esse limiar dos 5%", afirmou Karoline Leavitt.

A porta-voz da Casa Branca sublinhou que contribuir com 5% é "justo", tendo em conta "que os contribuintes norte-americanos contribuíram com uma quantia significativa, de milhares de milhões de dólares", para apoiar interesses comuns e garantir a defesa.

"Vou deixar que Donald Trump fale sobre isso, mas ele deixou muito claras as suas prioridades para os nossos aliados europeus, incluindo a Espanha", acrescentou.

Na carta dirigida a Mark Rute, Pedro Sánchez propõe incluir uma fórmula mais "flexível" na declaração que será aprovada na cimeira da NATO na próxima semana em Haia (Países Baixos), sugerindo que o objetivo dos 5% seja opcional ou que a Espanha seja excluída da sua aplicação.

No mesmo sentido, a França também questionou hoje o pedido da NATO para um aumento dos gastos com a defesa.

Numa mensagem dirigida aos Estados Unidos, fontes do Eliseu (presidência francesa) consideraram que aumentar os gastos com defesa e segurança até aos 5% do PIB (3,5% para defesa e o restante para segurança em geral) representa "um esforço enorme para todos".

"É difícil fazê-lo ao mesmo tempo que se trava uma guerra comercial", insistiram as fontes, sublinhando que o mais importante, para além de um número, "é que a Europa seja capaz de fazer o que precisa para defender o continente".