
"A inscrição da manifestação 'Danças Rituais dos Pauliteiros nas Festas Tradicionais de Miranda do Douro' no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial reflete os critérios constantes no artigo 10.º do referido diploma, destacando a importância de que se reveste esta manifestação do património cultural imaterial enquanto reflexo da identidade da comunidade envolvente e a sua profundidade histórica e evidente relação com outras práticas inerentes à comunidade", lê-se no DR.
Em declarações à agência Lusa, a presidente da Câmara de Miranda do Douro, Helena Barril, mostrou-se satisfeita com este reconhecimento e disse "que o povo mirandês está cheio de 'proua'" por ver "a inscrição das Danças Rituais dos Pauliteiros nas Festas Tradicionais de Miranda do Douro no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial".
"Foi um trabalho árduo de praticamente quatro anos. Foi um trabalho iniciado pelo anterior executivo, mas quando tomámos posse neste primeiro mandato na Câmara de Miranda do Douro, verificámos a candidatura, que, do nosso ponto de vista, era parca e não tinha o valor que deveria ter", vincou a autarca social-democrata, deste concelho do distrito de Bragança.
Segundo Helena Barril, nada mudará no conceito destas festividades mas haverá uma maior reconhecimento e projeção fora do concelho de Miranda do Douro, para o resto de Portugal ou para a Península Ibérica.
De acordo com uma nota do Património Cultural, Instituto Público, envida à Lusa, as danças ou 'lhaços' - designação em língua mirandesa que engloba a coreografia, o texto e a melodia que os dançadores executam - sucedem-se segundo uma ordem que inclui uma entrada assinalada pelo gaiteiro.
"São oito as festas em que as danças rituais mirandesas dos pauliteiros marcam uma presença assinalável, nomeadamente São Brás e Santa Bárbara (Cércio), Festa dos Moços ou S. João Evangelista (Constantim), Nossa Senhora do Rosário (Palaçoulo, Póvoa e S. Martinho), Santa Bárbara (Prado Gatão), Santo Isidro Lavrador (Quinta do Cordeiro), Festa do Menino Jesus e Nossa Senhora do Rosário (Póvoa)", descreve o mesmo documento.
Na constituição dos grupos de Pauliteiros junta-se o gaiteiro, um tocador de caixa e um tocador de bombo. Na aldeia de Constantim, junta-se-lhes um Tamborileiro ou "Tamboriteiro", como é designado nas terras de Miranda. As danças rituais dos pauliteiros nas referidas Festas distinguem-se de outras.
"Não se consegue precisar a origem das danças dos pauliteiros ou de paulitos, podendo tratar-se de uma sobrevivência da denominada "dança de espadas", segundo alguns danças pírricas de origem helénica introduzidas pelos romanos na Península Ibérica", descrevem os investigadores, no documento de candidatura.
Segundo o Património Cultural, o pedido de registo das Danças Rituais dos Pauliteiros nas Festas Tradicionais de Miranda do Douro no INPCI foi apresentado pela Câmara de Miranda do Douro, que providenciou investigação associada a esta prática religiosa, abrangendo o domínio da história e a aplicação de métodos e técnicas de pesquisa em antropologia, com o objetivo de alcançar conhecimento relevante sobre os modos das suas expressões e representações culturais, recriadas anualmente pelas comunidades e indivíduos que nelas constroem formas de pertença social e de identidade coletiva.
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Lusa/fim