O professor universitário António Sampaio da Nóvoa colocou-se definitivamente fora da corrida presidencial de 2026, numa declaração enviada à Lusa, esta quarta-feira, em que afirma não ter condições para avançar.

"Após uma reflexão cuidada e aprofundada sobre o momento político que o país atravessa, e sobre as responsabilidades que um tal exercício exige, cheguei à conclusão de que não devo avançar para uma nova candidatura presidencial", escreve António Sampaio da Nóvoa numa declaração escrita enviada à agência Lusa.

Apesar de sublinhar que "a participação cívica é uma responsabilidade de todos", Sampaio da Nóvoa acrescenta: "mas não estão reunidas as condições para uma candidatura aberta e plural, humanista, transversal aos mais diversos sectores da sociedade, como aconteceu nas eleições de 2016, nas quais recebi 23% dos votos".

"Sei muito bem quem sou e quem não sou, e os valores e princípios de independência que fazem parte da minha história de vida", refere o professor universitário e embaixador de Portugal na UNESCO entre 2018 e 2021.

Ainda que fora da corrida à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa, o antigo membro do Conselho de Estado mantém-se "inquieto e preocupado com o país". "Continuo a sentir que é preciso agir. Mas acredito que posso ser mais útil liberto de amarras partidárias, políticas ou outras, liberto de calculismos ou interesses que não os interesses nacionais. Agirei sempre através de uma intervenção cívica sobretudo nas áreas da educação, da ciência e da cultura, nomeadamente junto dos jovens. Motivado, inconformado, militante das grandes causas".

Assim, caem por terra as aspirações dos partidos à esquerda do PS e mesmo de alguns socialistas que não estavam totalmente convencidos com os candidatos à esquerda conhecidos até agora - António José Seguro, ex-líder do PS, e António Filipe, candidato apoiado pelo PCP. Tanto o Bloco de Esquerda como o Livre tinham pressionado para a existência de uma candidatura "plural e agregadora", sempre piscando o olho ao professor universitário que já tinha sido apoiado pelo Livre em 2016. Sem o candidato que ansiavam, estes dois partidos devem avançar com um candidato próprio à corrida a Belém.

“Durante os últimos meses, muitos cidadãos manifestaram-me o seu apoio e incentivo para uma eventual candidatura presidencial, sem que eu próprio tivesse, em algum momento, falado sobre essa possibilidade. A todos agradeço a confiança depositada e o carinho demonstrado", acrescentou Sampaio da Nóvoa na declaração. E deixou um agradecimento especial ao General Ramalho Eanes, "personalidade maior da nossa vida nacional".

"Juntos, precisamos de construir uma ambição de futuro para Portugal - avançar um século numa década -, salvar a esperança, como nos ensinou Adriano Moreira. Sem divisões. Sem facciosismos. Com alegria. Com humanidade. Continuando a história de liberdade dos últimos 50 anos, mas rompendo com a pobreza e a mediania que nos reduzem e nos diminuem", escreve.

E conclui: "a cidadania exige coragem. Nunca falharei ao meu país. Sempre que necessário, estarei presente. Reafirmo a minha total disponibilidade para cumprir as minhas obrigações cívicas ao serviço dos portugueses, do bem comum e dessa esperança maior”.