“O Bairro Canto do Muro III, em São Gonçalo, foi concluído em 2002. Passaram-se 23 anos. Desde o primeiro dia, os moradores enfrentam graves problemas estruturais: infiltrações, fissuras, instabilidade e insegurança”. A denúncia é feito por Luís Filipe Santos, cabeça-de-lista do Chega à Câmara Municipal do Funchal (CMF).

“Como é possível que um bairro novo, entregue em 2002, tenha nascido já condenado? Onde esteve a fiscalização municipal? Onde estiveram os executivos camarários que, ano após ano, fecharam os olhos e viraram costas aos moradores?”, questiona o candidato às eleições de 12 de Outubro.

Num comunicado remetido este domingo às redacções, o Chega recorda que o bairro foi inaugurado em 2002, mas desde o início “sem condições dignas” para os moradores.

Em 2012, refere, houve “uma intervenção no bloco Norte”, porém apenas “paliativa” e “sem resolver o problema de fundo”.

Sete anos depois, em 2019, surgiram “novas promessas de obras estruturais”, lembra o partido, realçando porém que as mesmas “nunca avançaram com seriedade”.

Em 2022, a Câmara adquiriu os blocos, quando “os problemas já eram crónicos”, prossegue Luís Filipe Santos, apontando que, no ano seguinte, “chegou-se mesmo a falar em evacuar moradores devido ao risco, um sinal claro da falência total da política de habitação e da fiscalização”.

“Já em 2025, a situação mantém-se: os moradores continuam a viver na incerteza, sem respostas, sem dignidade e sem soluções reais”, resume.

“Não podemos andar a brincar com a vida das pessoas. Chega de bairros inaugurados à pressa, sem fiscalização. Chega de promessas vazias e de relatórios que nunca resultam em acção”, acrescenta, ainda, Luís Filipe Santos.

“Isto é negligência política. Isto é irresponsabilidade social. É o retrato de executivos municipais que se sucederam — PSD, PS e companhia — todos cúmplices pelo silêncio e pela inércia. Chega de fingir que não se vê o sofrimento destas famílias”, sublinha por seu turno Jorge Freiras, candidato do Chega à Câmara do Funchal.

Para esta candidatura, o Bairro Canto do Muro III é hoje “um símbolo da falência das políticas municipais de habitação e do desprezo pelos mais frágeis”.

Nesta linha, o Chega exige “transparência total sobre quem construiu, quem fiscalizou e quem assinou as vistorias de 2002”, bem como a “responsabilização política e técnica dos executivos que nada fizeram durante mais de duas décadas e um plano imediato de realojamento e reabilitação digno para os moradores”.

“23 anos de espera é tempo demais (…) Chega de abandono”, conclui Luís Filipe Santos.