Stéphane Dujarric, que fez o anúncio numa conferência de imprensa, explicou que aqueles números resultaram de uma avaliação feita pela Organização Mundial da Saúde e os seus parceiros, juntamente com o Governo democrático-congolês, entre 26 de janeiro e quinta-feira, e acrescentou que aqueles totais podem ainda aumentar.
Em Goma, a capital da província do Kivu Norte conquistada esta semana pelo grupo armado M23 e pelo exército ruandês, "a situação continua tensa e volátil, com tiroteios ocasionais", mas a situação é geralmente mais calma, comentou o chefe das operações de manutenção da paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix, na conferência de imprensa, sublinhando os problemas causados pelas munições não deflagradas após vários dias de combates.
Jean-Pierre Lacroix manifestou também a sua preocupação com o avanço do M23 e das forças ruandesas para sul, em direção a Bukavu, capital da província vizinha, Kivu Sul.
"Segundo as informações de que disponho, o M23 e as FDR (forças armadas ruandesas) estão a cerca de 60 quilómetros de Bukavu e avançam rapidamente", observou, referindo-se ao risco de tomada do aeroporto de Kavumu, um pouco mais a sul.
"Estamos preocupados, não só com o leste da RDCongo, mas, se olharmos para o passado, corremos o risco de que seja desencadeado um conflito regional mais alargado", insistiu, referindo-se em particular às acesas trocas de notas diplomáticas entre o Ruanda e a África do Sul.
"É por isso que é da maior importância que sejam envidados todos os esforços diplomáticos para evitar esta situação e para conseguir uma cessação das hostilidades", defendeu.
Além do conflito no leste da RDCongo, também o nordeste do país continua a ser assolado por ações armadas, neste caso envolvendo as Forças Democráticas Aliadas (ADF, na sigla em inglês), um grupo rebelde com ligações ao movimento extremista Estado Islâmico (EI).
Pelo menos 28 civis foram mortos num ataque atribuído às ADF na província de Ituri, confirmou hoje à EFE uma organização não-governamental de defesa dos direitos humanos.
O incidente ocorreu na quinta-feira, numa incursão simultânea das ADF nas aldeias de Ndalya, Kthwakasoya e Mataha, localizadas no distrito de Walese Vonkutu, no território de Irumu, na província de Ituri, segundo a Convenção para o Respeito dos Direitos Humanos (CRDH).
Este incidente ocorre numa altura em que as Forças Armadas da República Democrática do Congo (FARDC), em colaboração com o exército do Uganda, estão a intensificar as patrulhas contra as ADF e outros grupos armados presentes em Ituri, uma região rica em ouro.
O ataque ocorreu depois de os corpos de 19 pessoas, alegadamente mortas pelas ADF, terem sido encontrados na terça-feira numa aldeia da província vizinha de Kivu Norte.
As ADF são uma milícia de origem ugandesa, mas estão atualmente sediadas nas províncias democrático-congolesas vizinhas de Kivu Norte e Ituri, onde realizam frequentemente ataques e aterrorizam a população.
As autoridades ugandesas acusam igualmente o grupo de organizar ataques no seu território e, em novembro de 2021, os exércitos do Uganda e da RDCongo iniciaram uma operação militar conjunta.
Os objetivos não são claros, para além de uma possível ligação ao EI, que por vezes reivindica a responsabilidade pelas suas ações.
Embora os peritos do Conselho de Segurança da ONU não tenham encontrado provas de apoio direto do EI às ADF, os Estados Unidos identificaram as ADF, desde março de 2021, como uma "organização terrorista" ligada ao movimento extremista.
Desde 1998, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por mais de uma centena de grupos rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU (Monusco).
EL // MLL
Lusa/Fim