Centenas de milhares de pessoas concentravam-se, este domingo, na Praça de Espanha, em Madrid, uma hora antes da manifestação "máfia ou democracia" convocada pelo Partido Popular (PP), após novas suspeitas de corrupção no Governo socialista.

Equipados com chapéus e bandeiras espanholas que agitam ou atiram sobre os ombros, os participantes posicionam-se para acompanhar a manifestação que conta com intervenções do presidente da Câmara de Madrid, José Luis Martínez Almeida, e da presidente de Madrid, Isabel Díaz Ayuso.

Também estão previstas intervenções dos ex-primeiros-ministros José María Aznar e Mariano Rajoy. Assim como líderes do partido e presidentes regionais do PP.

À praça de Espanha chegam manifestantes de fora da capital espanhola, em autocarros alugados pelo partido de Feijóo e, desta vez, não há símbolos do PP à vista, uma vez que o líder apelou a todos os cidadãos, independentemente da sua ideologia, para que levantassem a voz contra Sánchez.

Aos jornalistas, o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, que convocou a manifestação contra o Governo do primeiro-ministro socialista, Pedro Sánchez, dizia aos jornalistas que espera que os espanhóis "possam falar, dado que o Governo não os deixa falar nas urnas".

"Espero que seja muito clara e positiva e a favor da nossa democracia", afirmou.

Isabel Infantes | Reuters

A convocatória, no final de maio, coincidiu com a divulgação nos meios de comunicação social, de áudios e vídeos em que uma militante do Partido Socialista (PSOE), Leire Díez, fala com empresários para pedir informações comprometedoras sobre um procurador do Ministério Público e dirigentes da unidade de investigação policial da Guarda Civil (UCO) que têm em mãos casos de alegada corrupção de pessoas próximas de Sánchez e do executivo.

Nas gravações, Leire Díez sugere que as informações que procurava são do interesse da direção do PSOE e promete ajudar os empresários e ex-membros da Guarda Civil com os processos que enfrentam na justiça, através de contactos no Ministério Público e outras instâncias.

O PSOE abriu uma investigação interna a Leire Diez e tanto o partido como o Governo negam que atue a pedido ou em coordenação com a direção socialista ou com o executivo.

A própria, que tem trabalho na área da comunicação empresarial e institucional, garantiu já por diversas vezes que agiu por iniciativa própria, por estar a fazer uma "investigação jornalística pura e dura" e querer escrever um livro, e negou qualquer relação com a direção do PSOE neste momento.

Espanhóis deveriam "ter a palavra"

Feijóo disse que os espanhóis deveriam "ter a palavra", mas "como não o podem fazer nas urnas, porque Sánchez continua a negar-se a convocar eleições gerais, poderão fazê-lo na rua".

O PP conseguiu em 2023 e 2024 mobilizar centenas de milhares de pessoas em manifestações contra o Governo, convocadas por causa da amnistia para independentistas catalães que Sánchez negociou com partidos da Catalunha para conseguir ser reconduzido primeiro-ministro.

Vox não vai ao protesto deste domingo

A essas manifestações juntou-se o terceiro maior partido no parlamento, o Vox, de extrema-direita, assim como os antigos líderes do Governo e do PP José Maria Aznar e Mariano Rajoy, que já anunciaram que voltam a sair à rua este domingo.

Já o Vox revelou que não vai ao protesto deste domingo e considerou que Feijóo deveria antes avançar com uma moção de censura ao Governo.

Sánchez, primeiro-ministro desde 2018, voltou a ser eleito para o cargo pelo parlamento espanhol em novembro de 2023, por uma 'geringonça' de oito partidos.

Desde então, pessoas próximas do primeiro-ministro, como a mulher ou o irmão, e antigos membros do Governo e da direção do PSOE foram envolvidos em processos judiciais por suspeitas de corrupção.

- Com Lusa