
A sustentabilidade e a luta contra o calor extremo, propostas do reino do Bahrein para a Bienal de Arquitetura de Veneza deste ano, venceram neste sábado o Leão de Ouro do Melhor Pavilhão, anunciou o júri.
O pavilhão, justificou, oferece uma proposta viável para as condições de calor extremo. "A arquitetura deve enfrentar os desafios duplos da resistência ambiental e da sustentabilidade", diz o júri citando os criadores.

O Leão de Ouro do melhor pavilhão, na bienal que começou no sábado, premeia, diz o júri, uma "solução engenhosa" que pode ser aplicada em espaços públicos e em locais onde as pessoas têm de viver e trabalhar ao ar livre em condições de calor extremo. O pavilhão usa métodos tradicionais de arrefecimento.
Foi ainda atribuída uma menção especial como participação nacional à Santa Sé, com o pavilhão "Opera Aperta", um espaço de troca, de negociação e de restauração. O projeto irá revitalizar uma igreja desconsagrada e cria um espaço para o intercâmbio cultural.

E segundo a lista de prémios da 19.ª Exposição Internacional de Arquitetura, cuja cerimónia se realizou hoje em Veneza, recebeu também uma menção especial a participação da Grã-Bretanha, que resulta de um diálogo com o Quénia.
O pavilhão revela a arquitetura como uma arquitetura que é definida pela extração que produz desigualdade e degradação ambiental e o júri assinala as tentativas de imaginar uma nova relação entre a arquitetura e a geologia.
O júri, composto por Hans Ulrich Obrist (presidente, Suíça); Paola Antonelli (Itália); e Mpho Matsipa (África do Sul) premiou também com o Leão de Ouro para a melhor participação o coletivo Diller Scofidio + Renfro, um estúdio de design criado em 1981 e que além da arquitetura trabalha o design urbano, a arte de instalação, a performance multimédia, meios digitais e impressão. É composto por mais de 100 profissionais.
Na Bienal apresenta o projeto "Canal Café", uma instalação que convida o público a beber café feito com água purificada da lagoa de Veneza.

O Leão de Prata foi atribuído ao projeto já antes premiado "Calculating Empires", de Kate Crawford (académica norte-americana especialista em inteligência artificial e artista) e Vladan Joler (académico e investigador sérvio), que mostram de uma forma crítica uma evolução da tecnologia e do poder ao longo dos séculos, fundindo investigação e design, ciência e arte.
O júri atribuiu ainda duas menções especiais nesta categoria, uma ao urbanismo alternativo da arquiteta nigeriana Tosin Oshinowo (The Self-Organized Markets of Lagos), e outra ao projeto "Elephant Chapel" pela forma exemplar como mostra como construir uma estrutura de tijolo durável com material biológico.
Explica o júri que o gabinete de arquitetura Boonsem Premthada, de Banguecoque, utiliza estrume de elefante para minimizar a utilização de materiais.
A filósofa norte-americana Donna Haraway e o arquiteto e designer italiano Italo Rota (2 de outubro de 1953 - 6 de abril de 2024) foram galardoados, respetivamente, com o Leão de Ouro para o Prémio de Carreira e o Leão de Ouro Especial para o Prémio de Carreira in Memoriam.
A 19.ª Exposição Internacional de Arquitetura vai até 23 de Novembro e é comissariada pelo arquiteto e engenheiro Carlo Ratti.