O ministro do Interior, Justiça e Paz da Venezuela, o socialista Diosdado Cabello, anunciou na quinta-feira que as forças de segurança frustraram um ataque com explosivos em Caracas, tendo detido 15 pessoas alegadamente vinculadas a unidades clandestinas de extrema-direita.

Segundo o ministro, o ataque tinha sido programado para as 11:32 locais do passado domingo, 03 de agosto.

Este ataque, ainda segundo Diosdado Cabello, envolvia a colocação de explosivos numa zona de Plaza Venezuela, por onde passam diariamente milhares de pessoas.

"Prendemos os 15 principais [envolvidos]", disse o ministro durante uma conferência de imprensa em Caracas. "O Serviço Bolivariano de Inteligência [Sebin, serviços de informações] fez uma rusga e encontrou material que acreditamos ser também dessa célula de violência que [opositores] chamam de unidades clandestinas (...). Detivemos todos os que participaram nesta parte. Noutro grupo encontrámos provas que nos levam a crer que estão [também] envolvidos com o narcotráfico".

Segundo Diosdado Cabello, as autoridades confiscaram engenhos, três quilogramas de explosivos, telefones analógicos e outros materiais estratégicos.

O ministro associou a líder opositora Maria Corina Machado e os Estados Unidos à tentativa de ataque, afirmando que foi planeado desde a Colômbia.

De acordo com Diosdado Cabello, as investigações contaram com um agente infiltrado que obteve informações sobre onde e como o ataque seria realizado.

O desmantelamento dos dois núcleos aconteceu, segundo as autoridades venezuelanas, depois de a oposição, no passado dia 29 de julho, ter instado os venezuelanos a organizarem-se clandestinamente e a prepararem-se para a ação cívica contra o regime na Venezuela.

O apelo foi feito nas redes sociais, por ocasião do primeiro aniversário das presidenciais de 28 de julho de 2024, em que Nicolás Maduro foi reeleito para um novo mandato.

A oposição insiste que Edmundo González Urrutia, o candidato apoiado por Maria Corina Machado, obteve mais de 70% dos votos.

"Este roubo do mandato popular marcou o início de uma nova etapa da nossa luta: mais difícil, mais perigosa, mas também mais determinada", explicou Edmundo González Urrutia, num comunicado divulgado na rede X.

No documento, acompanhado por um vídeo, o opositor sublinha tratar-se de "uma luta profundamente desigual, sem condições democráticas, num terreno hostil onde enfrentar um regime que viola os direitos humanos significa arriscar a vida todos os dias".

"Esta não é uma luta entre partidos, é uma luta entre venezuelanos que exigem liberdade e um regime que só se pode sustentar com violência. É por isso que Maria Corina apela a todos para que façamos a nossa parte: nós, venezuelanos, devemos avançar na organização clandestina de todas as estruturas internas. Prepararmo-nos para a ação cívica, quando chegar o momento", afirmou.

Aos militares, a oposição diz que "sabem o que têm a fazer" e que "estejam preparados para defender o mandato que o povo vos conferiu".

Aos polícias, diz que, com exceção de alguns, estão empenhados na conquista da democracia, apelando a que "continuem a preparar-se para atuar no momento decisivo".

No vídeo, Edmundo González Urrutia fala ainda das "injustiças" que os venezuelanos sofrem e denuncia que "mais de 2.500 pessoas foram detidas nos últimos 12 meses", uma situação que "afeta não apenas inocentes que são perseguidos por motivos políticos, mas também os seus familiares".

Urrutia diz ainda que a Maria Corina Machado está a resistir na clandestinidade e que a oposição não pode perder o terreno já conquistado, concluindo que os venezuelanos encontram sempre o modo de impor a vontade soberana do povo e que a luta é até ao fim.