"Como todo mundo sabe, Moçambique é um país que tem raparigas [desfavorecidas] nas famílias, às vezes engravidam muito cedo, e através do desporto nós achamos que (...) pode ajudar muito a atrasar este processo de gravidezes precoces", disse Mutola, após um encontro que teve hoje com a primeira-drama de Moçambique, Gueta Chapo, em Maputo.

De acordo com a antiga atleta moçambicana, o desenvolvimento do desporto no país, principalmente do futebol feminino e do atletismo, pode contribuir para reduzir esta problemática, quando tomada como prioridade para o crescimento integral da juventude.

"É muito importante cuidar das nossas meninas, das nossas raparigas no país", afirmou.

Para apoiar raparigas em situação de vulnerabilidade, Mutola, atualmente com 52 anos, referiu que foram construídos dois lares em Magude, na província de Maputo, sul do país, através da "Fundação Lurdes Mutola", que criou em 2001.

"Queremos dar continuidade nesta área, para ver se Moçambique continua a crescer", acrescentou.

A atleta ganhou o título olímpico dos 800 metros nos Jogos Olímpicos de Sydney, Austrália, de 2000, e o título mundial em Edmonton, em 2003, além de vários triunfos em pista livre e coberta ao longo de mais de 15 anos de carreira.

Além do recorde dos 1.000 metros em pista coberta feminino (1987), Mutola também detém o recorde africano dos 1.000 metros em pista aberta e o recorde africano dos 800 metros em pista aberta.

Lurdes Mutola recebeu em 2017 o título de doutor 'honoris causa' pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM), a maior de Moçambique, em reconhecimento pelos seus "feitos nobres e únicos". Em 2008, já tinha recebido do Governo moçambicano o título honorífico de "Herói do Trabalho" e no ano seguinte recebeu um doutor 'honoris causa'" pela Universidade Pedagógica.

LYCE // MLL

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