
Um dia após ter anunciado a candidatura à presidência do Benfica, Luís Filipe Vieira endereçou uma carta aos sócios do clube, onde critica a “organização do processo eleitoral” e, em especial, a Mesa da Assembleia Geral (MAG), órgão que, no seu enetender, deve assegurar a “inequívoca transparência, imparcialidade e lisura de procedimentos”.
O líder do clube ‘encarnado’ entre 2003 e 2021 garante, no texto divulgado esta quarta-feira, que não admitirá “qualquer tipo de discriminação entre candidatos" e que zelará "para que sejam os benfiquistas a decidirem” os destinos do clube.
Luís Filipe Vieira denuncia que, no passado mês de junho, foi alvo “de uma cobarde iniciativa”, por parte dos de “certos e identificados membros de alguns órgãos sociais”, que “queriam impedir” que avançasse com uma candidatura à presidência das ‘águias’, através de “um descabido processo disciplinar”:
“Tenho evidências da participação ativa de um dos membros da Mesa da Assembleia Geral nessa intentona, agindo em completo desrespeito por regras estatutárias que salvaguardam a separação de poderes. Em conluio, chegou a estar agendada uma reunião de direção – a realizar a partir de Miami (!) – para formalizar a instauração do tal processo disciplinar contra mim. Invocava-se, até, uma inexistente reunião de Direção de Abril de 2025.”
O candidato diz ter apurado que um membro da MAG “indicou à direção o instrutor que acompanharia o processo e com ele estabeleceu contactos preliminares sobre o mesmo e que esse membro, conjuntamente com um administrador da Benfica SAD, até estiveram envolvidos na definição de honorários.”
Vieira diz mesmo que o processo disciplinar, que acabou por não avançar, foi “montado a partir de inexistências e ficções”.
Em resposta, garante que irá apresentar uma participação de forma a apurar responsabilidades.
O aviso aos sócios
Na mesma carta, questiona a Mesa da Assembleia Geral sobre a razão pela qual ainda não serem conhecidos os locais onde serão instaladas as secções de voto em Portugal continental.
“A menos de dois meses e meio do ato eleitoral, os sócios benfiquistas dos distritos de Bragança, Vila Real, Viana do Castelo, Guarda, Portalegre, Beja e Faro, por exemplo, não sabem como se devem organizar para irem votar. Não sabem estes e os sócios dos outros locais quantas secções de voto estarão disponíveis em cada Distrito, não sendo concebível que optem por não votar devido à impossibilidade de percorrerem distâncias desmobilizadoras. É isso que os titulares dos órgãos sociais pretendem?”, deixa a questão.
No entender do ex-presidente do clube lisboeta, a indefinição existente em torno deste tópico deve-se, em parte, “à omissão da direção em apresentar uma proposta de regulamento eleitoral, que deveria ser aprovado em Assembleia Geral”.
Vieira alerta, por isso, os sócios residentes nos arquipélagos dos Açores e da Madeira, bem como os que residem no estrangeiro, que poderá estar a ser levado a cabo “um intencional processo de os afastar do ato eleitoral.”
"Querem confinar o voto aos sócios que o possam fazer presencialmente"
Recorda ainda que, num comunicado divulgado no início do presente mês, a Mesa da Assembleia Geral referiu que o voto eletrónico só poderá ser exercido “se todas as candidaturas formalizadas o consentirem”.
“Ora, é público que algumas dessas intenções de candidatura, pautadas por ostensivo taticismo eleitoral, querem confinar o voto aos sócios que o possam fazer presencialmente. Num clube com mais de 400.000 sócios conformam-se – esses candidatos - que votem apenas aqueles que residam nas proximidades dos locais que a Direção e Mesa definirem como “adequados””, acusa.
Nesse sentido, o antigo líder das ‘águias’ entende que a MAG “tem o dever de zelar” pelos interesses não apenas dos apoiantes de determinadas candidaturas, mas de todos os sócios, “incluindo os que se identifiquem com a putativa recandidatura de membros da Direção em funções e, quiçá, de membros da própria Mesa!”.
Por fim, sublinha que “não será o conflito de interesses” que irá decidir sobre o sufrágio de outubro e sobre o processo eleitoral, mas sim os sócios.
“É, por isso, que defenderei que, através de voto eletrónico, ou de qualquer outro modo de votação à distância, seja garantido o direito de voto aos sócios que não residam no Porto, em Braga, em Coimbra ou em Lisboa. O Benfica é um Clube do Mundo, não é dos locais que a conjuntura define”, remata.