Os governantes querem que Portugal arda. A razão de Montenegro ou Marcelo continuarem de férias ou não acionarem os mecanismos europeus. enquanto meio país era (é) cremado, em direto nas TV, não é apenas serem negligentes. Há uma estratégia política deliberada e consolidada para destruir o mundo rural. É por isso que, embora todo o cão e gato saiba de cor as razões destes fogos, ou como preveni-los, o país arde igual ou pior ano após ano. Não é defeito. É feitio.

O principal objetivo destes serviçais de Bruxelas é concentrar as populações nos centros urbanos. Neles, serão mais controláveis (sobretudo nas “cidades 15 minutos”). Neles, seremos 0% produtores de alimento (100% consumidores) e padronizados, estripados das nossas tradições, diferenças, costumes. Afinal, é muito mais fácil dominar um povo reunindo-o todo no mesmo local e à fome ou dependente do que lhe derem de comer, do que controlar gentes dispersas, cada uma com as suas marchas, romarias e manias, autónomas, com pequenas produções familiares. O povo rural tem raízes para o ancorar e asas para se emancipar. É feito de cidadãos livres. O povo urbano não tem origens nem sonhos. É um escravo (inútil).

Celulose, lítio, o alcoólico. Tudo isso existe, claro. Mas tudo isso é também especulação. Por exemplo: diz-se que 70% dos incêndios têm origem negligente. Mas quem estudou as causas de milhares de fogos? Onde está a comprovação? Haverá algumas verdades na tese da indústria dos fogos, eucalipto, etc., mas a conspiração contra os portugueses em geral, e contra “o campo” em particular, é muito mais ampla.

O aniquilamento do “mundo rural” (o que nos dá comida!) é um objetivo comum à economia de mercado capitalista e à economia de mercado socialista.

Os golpes e o abandono começaram logo em 1986, na dita CEE, com a destruição da nossa agricultura e pescas até que hoje, ser português longe do litoral, é ser um cidadão de segunda — paga-se impostos e vota-se igual (as únicas coisas que o Estado “oferece”) mas não há maternidades, escolas, polícia, bancos, CTT, comboios.

Quem resta, os pequenos agricultores, é ainda alvo de assédio burocrático e legal, esmagado a favor da agro-indústria e do latifúndio. Que recebem quase todos os apoios. Desta agenda fazem parte mecanismos como a legislação das “terras sem dono”, que esbulha as parcelas dos pequenos proprietários para as concentrar nos maiores! Ou a demonização do consumo de carne. Querem aniquilar a produção nacional até 2050 e convencer-nos que é melhor comer a produzida em laboratório. Esquecem-se é que as pastagens são os maiores retentores de carbono.

Aliás, quem cuida da Mãe-Terra é o pequeno agricultor (tal como o pescador, apicultor, etc). São eles que plantam novas florestas, alimentam animais, levam comida e água onde não existe. Que protegem e conservam a Natureza.

É tudo isso que estes governantes querem derruir. Por isso, esta ministra condenou “as práticas ancestrais que protegem as casas de incêndios”. Sabem quais? Na Cerdeira, a aldeia resistiu graças às folhosas plantadas por quem lá está e cuida.

A nossa floresta, a nossa paisagem, agricultura, pecuária, cultura e tradições, são a nossa história, a nossa identidade. Se a renegarmos, renegamo-nos. Está na hora de defender o mundo rural com unhas e dentes. Ou isso ou, agora que já nos arrancaram a pele, tiraram o escalpe e levaram a carne, ainda nos roem os ossos.

Ativista Política//Escreve à quarta-feira no SAPO

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