
Num momento arrepiante de velocidade e perigo, Pol Espargaró sofreu um violento highside durante o recente Grande Prémio da Hungria de MotoGP, levantando sérias dúvidas sobre a eficácia do novo sistema de controlo de estabilidade integrado na ECU unificada do campeonato. Esta tecnologia inovadora, criada para reduzir quedas potencialmente fatais, falhou em evitar a queda brutal do piloto na Curva 8, deixando adeptos e rivais em choque.
Apesar das promessas em torno deste sistema, a experiência de Espargaró expôs uma realidade preocupante: “Não evitou!” desabafou o espanhol, descrevendo o incidente que gerou aceso debate no paddock. O sistema foi concebido para atenuar deslizes laterais que o controlo de tração tradicional poderia não detetar, mas acabou por se mostrar ineficaz quando mais era necessário. “A MotoGP demorou demasiado tempo a implementá-lo,” lamentou, sublinhando a necessidade urgente de maior calibração e testes.
A correr como substituto de Maverick Viñales – que sofreu também um violento highside antes da pausa de verão – Espargaró ainda assinou uma prestação positiva, terminando em décimo no Sprint e oitavo na corrida principal. Contudo, a sombra do perigo permanece, com o próprio Viñales a expressar dúvidas sobre a real capacidade do sistema. “Não creio que o [Controlo de Estabilidade] vá evitar este tipo de quedas, em que a eletrónica não tem intervenção,” comentou, evidenciando os limites da tecnologia no contexto extremo da competição.
Na prática, embora o sistema já esteja em funcionamento, continua numa fase experimental. As equipas ainda procuram a melhor forma de o calibrar para as suas motos, recorrendo muitas vezes à função apenas em treinos. Isto levanta uma questão urgente: quantos incidentes graves terão de acontecer até que esta tecnologia se torne realmente eficaz?
A experiência de Espargaró serve de teste e de aviso. “Foi um bom teste,” admitiu após a queda, mas deixou claro que o objetivo é que futuras versões do sistema consigam proteger os pilotos de forma mais eficaz. O espanhol descreveu ter testado “o lado negro deste controlo”, sinal de que há ainda muito trabalho a fazer para garantir a segurança em pista.
O apelo à evolução tecnológica é cada vez mais urgente, sobretudo após incidentes recentes como a assustadora queda de Francesco Bagnaia no GP da Catalunha. À medida que a MotoGP se prepara para mais uma ronda em Barcelona, nunca os riscos foram tão elevados – quer para a segurança dos pilotos, quer para a credibilidade dos sistemas que pretendem protegê-los.
Com a tensão no ar e a segurança em jogo, todas as atenções estarão voltadas para as próximas corridas. Será que a hierarquia da MotoGP vai ouvir os alertas e acelerar melhorias no controlo de estabilidade? Só o tempo dirá se as lições do highside de Espargaró vão, de facto, conduzir a um futuro mais seguro para todos os pilotos.