Situado na freguesia de Paranhos e de portas fechadas há três décadas, o Cine-Teatro Vale Formoso vai ser reabilitado para receber espetáculos e concertos. A sua aquisição pela produtora nacional UAU, detentora do Teatro Tivoli desde 2011, foi formalizada há dias.
A obra de reabilitação ficará a cargo do consórcio de arquitetos Metrourbe e Arsuna, que “vai modernizar o espaço dando todas as condições para receber os mais diversos espetáculos, concertos, exposições, eventos culturais e corporativos”, preservando “os elementos de época que integram a memória coletiva portuense” como a escadaria e a torre características do edifício, expressa o comunicado de imprensa divulgado pela UAU.
Entre a compra e a obra de recuperação, o investimento da produtora ascende aos sete milhões de euros. A abertura do Cine-Teatro ao público está prevista para o final de 2026.
A UAU foi responsável por mais de 600 espetáculos pelo país em 2024. Além de operar o Tivoli, tem um acordo de programação do Auditório dos Oceanos, no Casino Lisboa, e um protocolo com o Coliseu Micaelense, nos Açores.
Edifício de interesse municipal
O Cine-Teatro Vale Formoso foi projetado por Francisco Granja, arquiteto natural de Cinfães cujo acervo foi doado em 2020 à Fundação Instituto José Marques da Silva. O edifício tem mais de quatro mil metros quadrados e uma sala principal com 1076 lugares sentados, além de camarins, uma sala de ensaios, uma zona de restauração e um jardim de inverno.
Espaço de referência do cinema e teatro portuenses durante as décadas de 50 a 70, o Cine-Teatro foi inaugurado a 30 de dezembro de 1948 e permaneceu de portas abertas até 1990.
Perto da viragem do século, e depois de falhar a tentativa de aquisição do Coliseu do Porto, a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) mudou-se para o Vale Formoso, tendo ali permanecido até 2010 - ano em que transitou para a morada atual, na Rua de Serpa Pinto, a breves quarteirões do edifício histórico.
Em 2022, o Cine-Teatro foi classificado de interesse municipal pela autarquia do Porto. Durante a reunião pública camarária em que anunciou a sua aquisição, em meados de junho, Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, disse ter sido a classificação a garantir que o edifício pudesse permanecer como casa de espetáculos, evitando uma provável conversão em habitação.