
Num raro movimento no ecossistema europeu de tecnologia, a francesa LumApps e a suíça Beekeeper anunciaram a sua fusão, criando uma nova entidade avaliada em cerca de 1,1 mil milhões de dólares — valor que eleva a empresa combinada ao cobiçado estatuto de unicórnio.
O acordo, que deverá ficar concluído ainda este mês, é impulsionado pelo fundo de private equity britânico Bridgepoint, acionista de referência da LumApps, que manterá uma posição maioritária na nova empresa.
A sede ficará em Lyon, cidade de origem da LumApps, e será liderada por Sébastien Ricard, atual CEO da tecnológica francesa. Com uma força laboral conjunta de aproximadamente 600 colaboradores distribuídos globalmente, a empresa nasce com ambições declaradas de expansão internacional e, a médio prazo, poderá abrir capital ou optar por uma venda estratégica. “Tanto os EUA como a Europa são mercados nucleares para nós. Ambos seriam candidatos ideais para uma eventual entrada em bolsa”, afirmou Cristian Grossmann, CEO da Beekeeper, citado pela Reuters.
Embora os unicórnios — startups não cotadas com uma valorização superior a mil milhões de dólares — sejam um fenómeno mais frequente nos Estados Unidos e na Ásia, a nova empresa representa um sinal de vitalidade e maturação do tecido tecnológico europeu.
A LumApps desenvolve software colaborativo para intranets corporativas, sendo usada por gigantes como a Airbus e o grupo de luxo LVMH. “Queremos aumentar ou até substituir ferramentas como o Microsoft SharePoint”, explicou Elie Melois, CTO da empresa francesa, citado pela Reuters.
Já a Beekeeper diferencia-se por ter criado uma aplicação móvel que facilita a comunicação entre os trabalhadores da linha da frente — aqueles que não têm acesso permanente a computadores ou a emails corporativos — e o restante tecido organizacional.
Esta fusão conjuga, assim, dois universos complementares da força de trabalho digital: os colaboradores de escritório, tradicionalmente servidos pela LumApps, e os operacionais de terreno, que são o foco da Beekeeper. Ao juntar estas duas dimensões, a nova empresa posiciona-se como uma plataforma unificada para a comunicação interna, num mercado onde a conectividade entre equipas continua a ser um desafio central.
Para já, os detalhes financeiros do acordo permanecem reservados. Mas a mensagem estratégica que fica é que, embora ainda longe do que se pretende, a Europa está cada vez mais preparada para gerar campeões tecnológicos à escala global — e, desta vez, com sotaque francês e suíço.