
Em Portugal, o setor das telecomunicações está na linha da frente da transformação digital — e, inevitavelmente, também na linha de fogo dos ciberataques. Em 2023, foi o setor mais atacado no país, segundo o Índice Global de Ameaças da Check Point. O malware FakeUpdates afetou quase 5% das organizações, tornando claro que esta não é uma questão marginal: é uma ameaça estrutural à operação, à confiança dos clientes e à reputação das marcas.
O crescimento da conectividade — impulsionado pelo 5G, pela Internet das Coisas (IoT) e, em breve, pelo 6G — abriu portas a inovações sem precedentes. Mas abriu também janelas a riscos invisíveis. Quanto mais interligados estão os sistemas, mais vulneráveis se tornam. E os ataques, cada vez mais sofisticados, já não visam apenas grandes infraestruturas: exploram falhas humanas, lacunas nos processos e pontos cegos nos sistemas.
De acordo com um estudo de 2024 da Keeper Security, 95% dos líderes de TI afirmam que os ataques estão a tornar-se mais requintados. Mas a questão já não é apenas técnica. A cibersegurança deixou de ser um tema restrito aos departamentos de IT — é, hoje, uma prioridade estratégica transversal, crítica para a sustentabilidade de qualquer empresa de telecomunicações.
As marcas que lideram reconhecem isto. Não esperam por um incidente para agir. Investem preventivamente em encriptação, autenticação multifator, auditorias frequentes e, sobretudo, na formação das suas equipas. Porque sabem que o elo mais fraco continua a ser o humano — e que não basta tecnologia sem cultura de segurança.
A cibersegurança é também um tema central de experiência do cliente (CX). Sem confiança, não há relação. E num setor onde os consumidores partilham dados pessoais, bancários e comportamentais, a proteção dessa informação é um fator-chave de fidelização. Cada falha de segurança é uma quebra de confiança difícil de recuperar — e uma porta aberta à concorrência.
Mais do que nunca, é urgente uma abordagem colaborativa. Empresas, entidades reguladoras e sociedade civil precisam de agir em conjunto. Isso passa por promover a literacia digital, apoiar a definição de normas robustas e incentivar comportamentos seguros no uso de serviços online.
Investir em cibersegurança não é apenas proteger sistemas — é proteger relações. As empresas que compreenderem isso e escolherem parceiros com experiência comprovada terão não só uma vantagem competitiva, mas um papel ativo na construção de um futuro digital mais seguro, resiliente e digno da confiança dos clientes.
Rui Silva é Diretor de Operações da Foundever