Em 2025, o acesso ao Ensino Superior voltou a ser um momento marcante para milhares de jovens portugueses. Mais do que uma estatística, cada vaga preenchida traduz a esperança de um futuro e o reconhecimento de anos de esforço. A Universidade de Évora destacou-se ao conseguir preencher 87% das suas vagas, mostrando que o interior pode ser competitivo e atrativo, contrariando a perceção de que só as universidades do litoral conseguem captar os melhores alunos.

Um exemplo claro foi a licenciatura em Engenharia Aeroespacial, esgotada logo na primeira fase com médias de entrada acima dos 17 valores. Este sucesso mostra como os estudantes procuram desafios e cursos com futuro, mas também como é possível criar polos de excelência fora das grandes cidades. Ainda assim, coexistem dificuldades em áreas como a agricultura, menos procuradas, o que revela uma tendência social que desvaloriza setores essenciais e que precisa de ser invertida se queremos um desenvolvimento equilibrado do país.

As mudanças nas regras de ingresso, com maior peso dos exames nacionais, geraram debate. Muitos estudantes sentem a pressão de ver grande parte da sua candidatura depender de um exame, mas há aspetos que importa sublinhar. O exame de Português deve manter-se obrigatório, não só por ser língua materna e base da nossa identidade, mas também por garantir que todos os alunos que chegam ao ensino superior dominam a comunicação escrita e a capacidade de análise crítica e competências essenciais em qualquer área.

Do mesmo modo, é fundamental não baixar a exigência. O acesso ao Ensino Superior tem de ser seletivo e rigoroso, porque a qualidade do ensino nunca pode ser sacrificada em nome da quantidade. A universidade deve ser espaço de formação exigente, que prepara para a complexidade do mundo e não apenas um prolongamento automático do Ensino Secundário. A exigência é, no fundo, um ato de respeito para com os próprios estudantes: dá valor ao seu esforço e assegura que o diploma que conquistam tem verdadeiro peso.

O caso da Universidade de Évora mostra que, quando se investe em cursos relevantes e se mantém um nível de rigor elevado, os jovens respondem com interesse e dedicação. Querem oportunidades, querem ser desafiados e sabem reconhecer a qualidade. O desafio que fica para o país é garantir que esse exemplo não é exceção, mas parte de uma visão nacional que valoriza todas as instituições e cria igualdade de oportunidades sem comprometer a exigência.

O futuro do Ensino Superior deve assentar neste equilíbrio: manter a exigência como marca de qualidade, garantir exames justos como o de português que funcionem como base comum, e ao mesmo tempo criar uma rede de cursos e instituições que dê espaço ao talento e à realização pessoal. Porque cada ingresso é mais do que uma nota; é a construção de um futuro, não apenas para cada jovem, mas para Portugal como um todo.