
A valorização do território rural é o objetivo do projeto Aldeagar, lançado hoje pela Câmara de Beja e que quer transformar 15 localidades do concelho em “museus imateriais”, unindo tecnologia, património oral e turismo sustentável.
Em comunicado, o município explicou que o projeto consiste numa nova rede digital de descoberta das 15 povoações do concelho abrangidas, das quais 14 aldeias e uma vila, todas situadas em freguesias rurais.
A iniciativa é hoje apresentada em seis das aldeias participantes – Baleizão, Quintos, Salvada, Cabeça Gorda, Trindade e Albernoa -, seguindo-se, no sábado, as restantes localidades: Santa Clara do Louredo, Penedo Gordo, Santa Vitória, Mombeja, Beringel, Trigaches, S. Brissos, S. Matias e Nossa Senhora das Neves.
O projeto, cuja designação assenta na palavra popular aldeagar, “que evoca o vaguear sem pressas”, visa “a valorização do território rural assente em áudio guias narrados e experiências de realidade aumentada”, lê-se no comunicado.
“As aldeias ganham voz ao mesmo tempo que se transformam em museus imateriais para serem descobertos a caminhar, ou, melhor dizendo, a aldeagar”, frisou o município.
Contactado hoje pela agência Lusa, o presidente da Câmara de Beja, Paulo Arsénio, explicou que “é uma nova forma de visitação integrada das freguesias rurais do concelho”.
“O que faz sentido é a visita seja feita através da aplicação móvel [‘app’] que vai estar disponível, mas o projeto inclui também um ‘site’, que a única vertente que não disponibiliza, em comparação com a ‘app’, é a realidade aumentada, que tem de ser ativada no local”, precisou.
Cada povoação abrangida pelo Aldeagar, conta também com um painel informativo com QR Codes aí colocado, com informação a que os visitantes podem aceder.
Para Paulo Arsénio, trata-se de uma iniciativa que “enriquece a visita, porque o turista ou o próprio freguês, estando na sua freguesia, acede a três histórias orais, a um filme de vídeo feito quando realizámos passeios nessas aldeias, no ano passado, e à realidade aumentada”.
Tudo isto faz com “o visitante esteja mais tempo no local e, além de estar mais tempo, fica a conhecer histórias, locais e pessoas a que, de outra forma, não chegaria, não conheceria, numa visita mais descontextualizada”, realçou.
De acordo com o comunicado da autarquia, através do Aldeagar serão partilhadas “histórias que se ouvem com tempo misturando património, tradição e oralidade” em cada uma das povoações.
“O objetivo é que o visitante possa caminhar livremente pela aldeia escutando estas pequenas peças sonoras, semelhantes a episódios de um ‘podcast’”, que “foram escritas a partir de recolhas locais, algumas musicadas, para dar voz a estes locais que já foram menos silenciosos do que hoje em dia”, indicou.
O autarca de Beja explicou ainda à Lusa que foi criado um passaporte, com lugar para 15 vinhetas, que o turista pode ir colecionando em cada uma das 15 povoações que visite (basta pedir gratuitamente num comércio local).
“No final, quando tiver o passaporte completo, mas não é obrigatório, pode trocá-lo no Posto de Turismo de Beja por uma edição bibliográfica editada pela câmara”, acrescentou.
A aplicação móvel do projeto, financiado pelo programa Transformar Turismo, deve ficar disponível gratuitamente nas plataformas Android e iOS a partir de segunda-feira, segundo o presidente da câmara.