
A localização das pistas do novo Aeroporto de Lisboa, a edificar nos atuais terrenos do Campo de Tiro, na freguesia de Samora Correia, promete ser a próxima grande luta da população de Santo Estevão, que vê por agora o Governo não dar grande aprovação às suas pretensões de deslocalizar para cinco quilómetros a Oeste a construção das pistas, o que deixaria os aviões longe das populações nas aterragens e descolagens.
A atual localização planeada pela ANA – Aeroportos de Portugal e “pré aprovada” pelo Governo, depois da Comissão Técnica Independente (CTI) ter considerado o Campo de Tiro como a melhor localização para a nova infraestrutura aeroportuária em Portugal, prevê que as pistas fiquem no topo do espaço agora ocupado pelos militares, o que fará com que os aviões sobrevoem Santo Estevão e Taipadas, na freguesia de Canha, e também Pegões, algo que as populações e a própria Câmara Municipal de Benavente querem agora evitar.
O próprio Município de Benavente está mesmo a realizar um estudo ambiental, através da empresa Biodesign, que pretende demonstrar à ANA e ao Governo, que a deslocalização das pistas para o atual polígono do Campo de Tiro, onde se realizam agora as manobras da aviação militar, não só é a melhor opção para as populações, como também para o ambiente.
Carlos Coutinho, Presidente do Município de Benavente, questionado pelo NS sobre a localização das pistas e a defesa dos interesses da população do seu concelho, salientou que em breve o estudo será apresentado, e que aí tomará uma posição pública.
Uma exposição da Associação de Moradores Mata do Duque II, cujo seu Presidente Jorge Sousa, é curiosamente formado em Engenharia de Transportes, e a que o NS teve acesso, considera que a localização atual é “devastadora para Santo Estevão e para as herdades circundantes”, salientando que não existe “necessidade”, demonstrando depois que existe uma localização a 5 quilómetros a Oeste e no polígono do Campo de Tiro que “minimiza o sobrevoo sobre as comunidades existentes”.
A mudança desejada pelos moradores de Santo Estevão “minimiza o impacto ambiental sobre as populações, visto que os aviões podem seguir rotas que minimizam o seu sobrevoo”, mas também efetiva uma redução do ruído, cuja própria ANA reconheceu iria afetar as populações.
A localização desejada pela população trará também uma “redução da população dos restos de combustível que caem sobre as populações existentes”, cujas partículas são cancerígenas.
A exposição demonstra ainda que a nova localização das pistas propostas pela Associação de Moradores “irá poupar em expropriações”, como também irá “poupar um bilião de toneladas de CO2 ao longo de 30 anos”, uma vez que haverá menor circulação automóvel para aceder ao aeroporto.
Quem apoia a decisão é também o projeto Terrabella – Life Plan Resorts, “o primeiro resort do mundo para a promoção do envelhecimento saudável”, que pretende edificar na Herdade da Vargem Fresca um empreendimento de luxo.
Opinião contrária tem o Secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo, que ao NS disse que “haverá sempre alguém que vai ouvir aviões”.
O governante considerou que a decisão do Governo de retirar o aeroporto de Lisboa “onde hoje em dia são afetadas 600 a 700 mil pessoas”, para o Campo de Tiro, irá afetar “muito menos pessoas”.
Referindo que conhece “muito bem” o projeto do Novo Aeroporto de Lisboa, Hugo Espírito Santo disse-nos que “se desviarmos cinco quilómetros para o lado, vamos deixar de estar em território do Campo de Tiro”, o que “irá aumentar muito as expropriações”.
A existência a Reserva Natural do Estuário do Tejo foi também outro fator apontado pelo Secretário de Estado para o “chumbo” da localização sugerida pelos moradores de Santo Estevão.
No entanto o Secretário de Estado considera que por agora “a bola está do lado da NAV”, a quem cabe apresentar a melhor solução para o novo Aeroporto de Lisboa, inclusive a sua localização exata e as melhores rotas para descolagem e aterragem dos aviões.