A Câmara Municipal de Mourão e a Junta de Freguesia da Granja divulgaram um comunicado conjunto onde reafirmam o empenho em garantir a continuidade da tradição tauromáquica na freguesia, apesar dos desafios legais e financeiros.

No comunicado, as autarquias sublinham que «a tauromaquia é uma expressão viva da nossa história, das nossas raízes e da nossa forma de estar em comunidade». A tradição assume particular destaque nas Festas em Honra de São Brás, em fevereiro, e nas Festas em Honra de São Sebastião, em setembro, atraindo visitantes de toda a região.

Segundo o documento, a Praça de Touros da Granja, construída em 1970, «é palco de momentos únicos onde a festa, a tradição e o convívio se encontram», constituindo também «um motor económico, impulsionando a restauração, o comércio e o turismo local».

Alterações legais e exigências do IGAC

O comunicado recorda que, em 2014, foi aprovado o Regulamento do Espetáculo Tauromáquico, que passou a definir regras mais exigentes, designadamente «a defesa do bem-estar animal, fiscalizadas pela Inspeção-Geral das Atividades Culturais (IGAC)».

Apesar da entrada em vigor do regulamento, até 2020 não houve qualquer relatório do IGAC que alertasse para problemas graves. Porém, nesse ano «o IGAC emitiu um relatório técnico alertando que, sem obras de reabilitação, as corridas de touros poderiam ficar comprometidas».

Esforços conjuntos desde 2023

O comunicado destaca que, em 2022, após a fase mais crítica da pandemia, «o IGAC autorizou a realização da corrida da Granja num gesto de solidariedade institucional». No ano seguinte, em 2023, foi exigida a apresentação de um projeto de arquitetura validado pela entidade reguladora.

A Câmara Municipal de Mourão «respondeu de imediato, assumindo integralmente o processo técnico», disponibilizando recursos humanos no valor de 10 mil euros. Já em 2024, nas vistorias realizadas, «o IGAC constatou que as deficiências nos curros persistiam».

Em 2025, para as festas de fevereiro, «não foi efetuada inspeção, uma vez que não tinham sido reportadas ao IGAC quaisquer obras estruturais na praça — e, por isso, a corrida não foi autorizada».

O desafio financeiro

O comunicado refere que, após consulta de mercado, «o custo total da requalificação dos curros ultrapassa os 100 mil euros — valor incomportável para o orçamento da Junta de Freguesia». Para responder a esta realidade, as autarquias decidiram fasear a obra, com a primeira fase estimada em cerca de 60 mil euros.

Apelo ao IGAC

No documento, a Junta de Freguesia e a Câmara Municipal frisam que «não podem substituir-se ao parecer vinculativo da entidade que tutela e autoriza a realização das corridas», mas pretendem sensibilizar o IGAC para que reconheça o esforço desenvolvido.

As autarquias consideram ainda que «a atual situação representa uma penalização injusta para a nossa comunidade» e, por isso, foi solicitada «uma audiência com caráter de urgência ao IGAC para clarificar este cenário».

Por fim, os presidentes João Fortes (Câmara Municipal de Mourão) e Feliciano Aranha (Junta de Freguesia da Granja) asseguram que «a requalificação da Praça de Touros da Granja não é apenas uma obra — é um compromisso com a nossa cultura, com a nossa economia local e com a nossa identidade».