
Os incêndios florestais mantêm-se ativos em Espanha, Portugal, Grécia e Turquia, obrigando à mobilização de milhares de bombeiros e meios aéreos. As temperaturas extremas e a seca prolongada dificultam os esforços de combate, enquanto a previsão meteorológica aponta para a continuação da vaga de calor nos próximos dias.
Em Espanha, ardem atualmente 14 grandes incêndios, segundo a diretora-geral dos serviços de socorro, Virginia Barcones. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, alertou no X para um dia de “risco extremo de novos focos”. Três pessoas já morreram, entre as quais dois bombeiros voluntários, vítimas das chamas que lavram no norte e no oeste do país.
As autoridades espanholas registam ainda 158 mil hectares destruídos este ano, uma área equivalente à da Grande Londres. A AEMET mantém o alerta de risco extremo em quase todo o território, com temperaturas a ultrapassar os 40 graus. Na Galiza, os fogos obrigaram ao encerramento de autoestradas e à suspensão da linha ferroviária de alta velocidade para Madrid.
Em Portugal, o cenário agrava-se com sete grandes incêndios ativos e mais de 4 mil bombeiros mobilizados. O Governo prolongou o estado de alerta até domingo, face à persistência do calor. O distrito da Guarda é um dos mais afetados, com as chamas a atingir várias localidades, incluindo Pinhel e Trancoso.
No sábado foi confirmada a primeira vítima mortal em território português: o corpo carbonizado do antigo presidente da Junta de Vila Franca do Deão foi encontrado após os fogos terem atingido a zona. Em Alverca da Beira, moradores tentaram travar o avanço das chamas com meios próprios, após casa ter sido atingida.
O Governo português já acionou o mecanismo europeu de proteção civil, seguindo o exemplo de Espanha, que recebeu apoio aéreo da União Europeia. Também a Grécia, Bulgária, Montenegro e Albânia recorreram recentemente a este dispositivo, que em 2024 já foi ativado tantas vezes como em toda a época de incêndios do ano anterior.
Na Grécia, o fogo permanece fora de controlo pelo quarto dia consecutivo na ilha de Chios, obrigando a novas evacuações. Em Atenas e nas regiões do sul, os bombeiros mantêm-se em alerta máximo.
Já na Turquia, vários incêndios foram contidos, mas permanecem focos ativos em diferentes províncias.
Especialistas sublinham que as alterações climáticas intensificam fenómenos de calor extremo e seca, deixando a Europa cada vez mais vulnerável as tragédias deste tipo. O Copernicus, serviço europeu de monitorização climática, confirma que o continente aquece ao dobro da média mundial e que 2024 foi o ano mais quente de sempre, com recordes consecutivos de stress térmico.