Um camião carregado com 20 toneladas de feno foi disponibilizado, logo na segunda-feira, a um dos agricultores mais afetado pelo incêndio de Aljustrel, mas está em curso o levantamento dos danos junto de outros agricultores.

“Já seguiu alimento e está disponível para os animais desse agricultor, que foi um dos mais afetados pelo incêndio”, revelou hoje à agência Lusa o presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB), António Aires.

O responsável indicou que este agricultor, na zona de Carregueiro, possui uma exploração que “deve ter uns 400 hectares”, mas o fogo que lavrou no concelho de Aljustrel (distrito de Beja) na segunda-feira, e que foi dominado nessa noite, “destruiu a área quase toda”.

“Devem ter sobrado aí uns 15 ou 20 hectares. Ardeu a área produtiva quase toda, os cereais que tinha plantado, a parte da palha para alimentar os animais e vedações”, disse, acrescentando que as chamas consumiram ainda algumas viaturas deste agricultor.

A AACB está agora a efetuar o levantamento dos prejuízos e necessidades de outros agricultores seus associados.

“Temos um outro agricultor que não lhe ardeu tudo, mas sofreu danos, e estamos a ver o que lhe falta”, disse, garantindo que lhe “será disponibilizado alimento consoante as necessidades”.

“Foi um ano de abundância de palha e de feno e contamos com a solidariedade dos agricultores para disponibilizar alimento àqueles que foram afetados pelo incêndio”, acrescentou.

A AACB está também a efetuar contactos com outros agricultores seus associados, localizados na área afetada pelo fogo, para apurar quais os danos e as necessidades, para depois procurar ajudar.

O incêndio, que deflagrou na segunda-feira ao início da tarde no concelho de Aljustrel, foi dado como dominado pouco antes das 21:30, disseram à Lusa fontes da Proteção Civil, nesse dia.

O fogo eclodiu numa área florestal no Monte do Cerro, na zona de Messejana, e chegou a mobilizar seis meios aéreos e mais de 250 operacionais, consumindo também muita área de pasto.

Segundo o presidente da AACB, na segunda-feira, “levantou-se um vento horrível e, num ano que teve muita chuva e em que existe muito pasto, em que há mais matéria combustível disponível, quando isto acontece torna-se impossível controlar um incêndio destes em pouco tempo”.

Numa conferência de imprensa realizada ao início da noite, com o fogo ainda ativo, o presidente da Câmara de Aljustrel, Carlos Teles, explicou que as chamas já tinham consumido cerca de cerca de 1.000 hectares.

O incêndio obrigou à retirada de pessoas, por parte da GNR, de três residências em dois montes perto da localidade de Carregueiro e causou danos materiais num casão de apoio agrícola, segundo as autoridades.

No combate às chamas acabaram por ser assistidos sete bombeiros devido a exaustão e inalação de fumos, dois dos quais foram transportados para o hospital de Beja e outro para o Serviço de Urgência Básico de Castro Verde.

As chamas implicaram ainda o corte temporário de rodovias, como o troço entre Aljustrel e Castro Verde da Estrada Nacional 2 (EN2), tendo a circulação sido restabelecida às 22:16.

Os trabalhos de rescaldo e vigilância do sinistro prosseguem hoje e, às 10:25, de acordo com a página de Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), consultada pela Lusa, mobilizavam 185 operacionais, apoiados por 64 viaturas.