PERCURSO POLÍTICO. “O percurso até chegar à política começou bastante cedo, nas eleições autárquicas de 2005. Estava no secundário e o Bloco ainda era uma coisa bastante recente. Eu os meus colegas de turma praticamente todos acabamos por aderir ao Bloco de Esquerda e dentro dessa ótica, desde 2009, quando foi a primeira vez candidato à Junta de Freguesia de Cucujães e depois nos últimos anos cabeça de lista aqui à Câmara Municipal da Oliveira das Mães, eu necessário sempre existirem partidos mais pequenos, porque as visões não são todas iguais e creio que, numa ótica mais pessoal, o Bloco de Esquerda é o partido que mais responde àquilo que são as minhas preocupações.

O BLOCO DE ESQUERDA. “Eu creio que é um dos partidos mais inclusivos que existem. Nós estamos num momento muito particular e difícil na nossa sociedade. Eu sou formado em História, mais precisamente no processo da descolonização portuguesa, e há um certo ressentimento ainda relativamente a esse passado que algumas pessoas consideram ser uma perda, uma fragilidade por parte do nosso país. E eu creio que não. Nós, ao longo de todos estes anos, soubemos acolher, creio que ainda sabemos e também necessitamos dessas pessoas. Ainda há poucos dias saíram notícias de que o PRR poderia não avançar ou não se concluir por falta de mão de obra. Não se percebe esta nova lei da nacionalidade. Quando o governo da AD se alia ao chega, em matérias como a disciplina de cidadania, que desde que existe, antes com a formação cívica e agora com a cidadania, tornou os jovens mais esclarecidos. Retirar essas coisas dos programas, perdão a expressão, mas vai fazer com que as pessoas fiquem mais burras. A culpa, neste caso, é desta proposta que, como diria uma pedagoga e psicóloga da educação, é um retrocesso até aos anos 50. Nesse aspeto, creio que o Bloco de Esquerda é um dos partidos que, desde sempre, defendeu a inclusão de todas as pessoas, independentemente das minorias a que pertencem.”

ASSOCIATIVISMO. “Desde o ensino básico, pertenci à Juventude Mariana Vicentina, em Cucujães e foi muito daí também que as minhas raízes se foram criando. Eu continuo a achar, essencialmente, que eu sou daqui eu nasci aqui, eu sou daqui e creio que, como muita gente, também estou à procura de meu percurso de vida, de poder progredir na minha carreira. Sinto que, pelo menos nas áreas em que eu trabalho, Oliveira de Azeméis, não é propriamente o sítio mais apropriado para eu poder desenvolver o meu trabalho. Depois do ponto de vista associativo, acabou por ser o associativismo académico. Na faculdade estive no Concelho Pedagógico, fui candidato ao Concelho Fiscal da Associação Académica de Coimbra, estive na presidência da Associação Académica, sou seccionista da Rádio Universidade de Coimbra há mais de 10 ano.”

AS TRÊS FRAGILIDADES DE OAZ. “Eu creio que temos três fragilidades grandes. A primeira é a habitação. Ainda que o parque público de habitação tenha crescido, nós estamos muito abaixo, muito, muito, muito abaixo daquilo que são as médias da União Europeia e daquilo que é expectável para um país que tem consagrado como primeiro direito na Constituição o direito à habitação. Nesse ponto de vista, o que nós defendemos é que seja feito um levantamento de todo edificado que não está disponível para habitação, perceber qual é que pode ser disponibilizado, perceber se após esse levantamento é ou não necessária mais construção e como já temos vindo a defender, há edifícios com, que também terá de se fazer esse levantamento, edifícios que pertencem ao município, que podem ser transformados em habitação para ser arrendado a custos controlados. Isso irá fazer com que o mercado baixe os seus preços. Eu acho que é muito difícil viver num sítio onde uma renda é quase um ordenado mínimo. Eu acredito que isso vem muito da especulação imobiliária, porque o que a realidade tem demonstrado é que quando se fazem os levantamentos acerca daquilo que é o edificado, chegamos sempre à conclusão de que há uma percentagem muito grande de casas que estão vazias quando há gente que precisa de viver. Trata-se de perceber primeiro, junto das pessoas, porque é que esse edificado não tem usufruto. Há muitas famílias que têm heranças e depois não têm dinheiro para manter as habitações, ou seja, tem de haver aqui também uma solução de compromisso entre todas as partes. E eu creio que o investimento e a intervenção por parte do município irão fazer com que o mercado se regule para baixo. Isto nunca se faz com a iniciativa privada. O segundo problema continua a ser a questão da INDAQUA, um contrato que nunca deveria ter sido assinado e que continua a penalizar gravemente os oliveirenses. Em terceiro lugar, o nosso território é muito desigual. Temos partes muito urbanizadas, partes extremamente rurais. Eu não defendo que ele deva ser todo urbanizado. Agora, nós devemos olhar para aquilo que são os nossos transportes municipais, que são praticamente inexistentes, e criar uma rede de transportes que ligue todo o concelho.

O que nós defendemos é que haja uma intervenção pública e intervenção pública não é como vem muitas vezes a direita dizer que é nacionalizar tudo e fica tudo no município. Não se trata disso. No caso da água, claro que sim. No caso dos transportes. Os transportes têm de ser municipalizados, mas se não houver intervenção pública, no caso da água, o valor pago é escandaloso. Eu creio que estes três eixos são fundamentais para que as pessoas possam ter uma vida minimamente decente.] Quando estes problemas estiverem resolvidos podemos olhar para outros, mas creio que estas são as grandes prioridades.”

OUTRAS PROBLEMÁTICAS DO CONCELHO. “Quando nós falamos de reparação da rede viária, quando nós falamos, por exemplo, das carrinhas que foram distribuídas às juntas de freguesia, como é óbvio, nós somos a favor dessas medidas. É claro, o que nós achamos que noutros aspetos se deveria ter outro tipo de intervenção. Por exemplo, como é que ainda não está potencializada a zona industrial de Loureiro? Como é que nós temos zonas onde estão as empresas em Cucujães, em que numa estrada onde cabe um carro tem de passar dois camiões TIR. Nós já propusemos, juntamente com a proposta de melhoria do IC2, uma proposta de uma circular externa que ligasse as zonas industriais com linhas dedicadas para os veículos pesados. Isto é um investimento que demorará anos, se não até décadas. Mas se não olharmos com essa ideia de futuro e os mandatos forem pensados a quatro anos, esse tipo de desenvolvimento nunca irá acontecer. Creio que para também darmos esse pequeno salto de desenvolvimento, sermos atrativos para mais empresas, é necessário fazer esse tipo de estudos, esse tipo de investimentos, porque a área, a zona industrial de Loureiro é uma zona fantasma. Não contribui para o nosso desenvolvimento enquanto território e poderia ser um ótimo desenvolvimento para a freguesia, contribuir para esse desenvolvimento mais justo e mais igualitário entre as várias zonas do território, isso não acontece.