Porta de entrada para o incêndio que começou no Piódão, no concelho de Arganil, a freguesia de Aldeia das Dez foi a primeira a reportar os prejuízos que resultaram do fogo, junto da equipa da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital que, até à próxima sexta-feira, dia 29, vai ao encontro das populações lesadas.

Depois de, no período da manhã, ter estado em Chão Sobral e na Gramaça, a equipa tinha ao início da tarde de hoje dezenas de pessoas à porta da Junta de Freguesia de Aldeia das Dez. Homens e mulheres a quem o fogo quase tudo levou. Os prejuízos são, na sua maioria, relacionados com a atividade agrícola e florestal, mas também arderam máquinas de grande porte, casas devolutas e de segunda habitação.

Uma casa de primeira habitação ficou sem condições de ser habitada depois de fogo ter tomado o telhado de assalto, deixando um jovem casal e os três filhos desalojados. Esta é a história de Marisa Benedito e Jorge Santos, pais de três crianças com um ano e meio, três e seis anos. O filho mais velho, que este ano já vai para a escola primária, chorou quando viu a maldade que o fogo causou.

“Alguém tem que fazer alguma coisa”


Luís Conceição, conhecido aldeense e presidente da direção do lar de idosos da freguesia, voltou a sofrer prejuízos, mas menos dos que registou em 2017 e dos quais garante que foi ressarcido. Hoje, também se deslocou à Junta de Freguesia para tentar “receber alguma coisa”. Pior do que os prejuízos, para Luís Conceição é a perceção de que “de oito em anos” o cenário se vai voltar a repetir. “Alguém tem que fazer alguma coisa”, desabafou, verificando que “ninguém faz nada” e as estradas e estradões “não são limpos”.

E volvidos oito anos também Benvinda Madeira foi hoje dar conta dos prejuízos, sobretudo a perda de árvores de fruto, oliveiras e mais de 200 videiras.

Carlos Castanheira, presidente da Junta de Freguesia de Aldeia das Fez estava ao início da tarde surpreendido com o elevado número de pessoas que marcou presença e que é revelador da “tragédia” que tocou cada uma das localidades da freguesia. Ainda com o incêndio de 2017 bem presente na memória, o autarca não tem dúvidas de que o deste ano “foi pior”. “Psicologicamente afetou-nos de uma forma devastadora”, partilhou o autarca que louva a iniciativa da Câmara Municipal de ir junto das populações para proceder ao levantamento dos prejuízos.

Sobre a atuação da Proteção Civil neste incêndio, Carlos Castanheira preferiu não fazer comentários. Notou, porém, a falta de meios no local, sobretudo aéreos, cuja intervenção poderia ter sido crucial para debelar a frente de fogo em Chão Sobral”.