A reitora da Universidade de Évora (UÉ), Hermínia Vasconcelos Vilar, defendeu hoje a realização de um estudo para apurar as causas da diminuição de alunos candidatos na 1.ª fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior.

“É uma diminuição muito abrupta. São quase 10 mil candidatos [face ao ano passado] e acho que se tem que pensar nas razões que estiveram na base desta diminuição”, afirmou a responsável, em declarações à agência Lusa.

Hermínia Vasconcelos Vilar admitiu que a alteração às regras de acesso ao ensino superior – a obrigatoriedade de um número maior de provas de ingresso e o aumento do peso dos exames na média final de candidatura – pode explicar a quebra de candidatos.

“Serão várias coisas conjugadas. Há, por um lado, a alteração do modelo de acesso, que já se sabia que ia ter consequências, e, depois, junto a isso, aparentemente, os maus resultados nos exames nacionais”, salientou.

Assinalando que a UÉ manifestou à tutela discordância com esta alteração das regras de acesso ao ensino superior, a reitora frisou que é preciso estudar as causas da quebra do número de alunos candidatos, após as 2.ª e 3.ª fases do concurso.

“Não estou a dizer que as regras devem ser completamente revertidas, mas tem, pelo menos, que ser refletido e estudado o porquê desta diminuição”, insistiu, admitindo outras causas, como “as dificuldades de alojamento e a quebra demográfica”.

Segundo a reitora, a academia alentejana “foi uma das universidades que, apesar de tudo, sentiu menos esta diminuição”, já que preencheu 86% das vagas, registando “menos 31 colocados do que no ano anterior”, ou seja, menos 2,5%.

Já o presidente do Instituto Politécnico de Portalegre (IPP), Luís Loures, também em declarações à Lusa, avisou que a alteração das regras de acesso coloca em causa a coesão territorial e prejudica os alunos de famílias mais desfavorecidas.

“Entendemos que esta alteração não trouxe nada de positivo ao país, não contribui para a coesão territorial e tem um impacto muito significativo na vida das famílias, especialmente das mais desfavorecidas”, criticou.

Com um peso mais elevado dos exames, Luís Loures exemplificou que, “enquanto uma família de classe média alta tem condições para pagar uma explicação em três ou quatro matérias, uma família de classe média baixa não tem, colocando estes estudantes numa situação de desigualdade e maior dificuldade de ingresso”.

O IPP colocou, nesta 1.ª fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNAES), 337 alunos, num total de 631 vagas, tendo ficado 294 vagas por preencher.

Em comunicado, o Instituto Politécnico de Beja (IPB) indicou que, nesta 1.ª fase do CNAES, foram colocados na instituição 203 novos alunos, menos 134 do que em 2024 (-39,80%).

“Trata-se de uma redução que preocupa todas as instituições de ensino superior”, acrescentou o IPB.

Os institutos politécnicos já alertaram para o decréscimo nas colocações do ensino superior, dizendo que a situação é mais grave no interior do país, e pedem que se alterem as regras de acesso.

Em comunicado, o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos indicou que os cerca de 14 mil alunos colocados no subsistema politécnico representam “uma redução significativa face ao ano transato”.

A taxa de colocação nos institutos politécnicos ficou pelos 63% e a situação é mais grave nas instituições do interior do país, “onde a queda do número de alunos coloca em causa a sustentabilidade de algumas áreas de formação”, referiu.

Na 1.ª fase do CNAES ficaram colocados 43.899 estudantes, o que corresponde a uma diminuição de 12,1% em relação a 2024.

Este ano houve menos 9.000 candidatos ao ensino superior, não chegando aos 50.000.