O prazo da 1.ª fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior terminou com cerca de 50 mil inscritos, menos nove mil do que no ano anterior, número comparável a 2018. A razão principal apontada é o elevado custo do alojamento estudantil e a insuficiência de apoios, que afastam muitos jovens.

Lisboa lidera com os valores mais altos, com quartos a custar em média 500 euros mensais, seguida pelo Porto (400€), Faro (380€), Aveiro (330€) e Coimbra (280€). O aumento das rendas supera a capacidade financeira de muitas famílias, especialmente as de classe média, que veem as dificuldades crescerem mesmo quando há prioridade para estudantes mais carenciados nas residências públicas.

Para o ano letivo 2025/2026, o apoio ao alojamento será ampliado a todos os estudantes deslocados com rendimento per capita do agregado familiar inferior a 14.630 euros, garantindo um complemento mensal que cobre o valor efetivamente pago, mediante comprovação.

Apesar disso, cerca de metade dos estudantes arrendam quartos sem contrato, dificultando o acesso a apoios formais como o Porta 65 Jovem. As federações académicas apelam à construção de mais residências públicas e ao reforço das linhas de crédito para facilitar parcerias e ampliar a oferta.

O Governo espera concluir até setembro as obras em 19 residências universitárias, com mais de duas mil camas, e conta com 19.000 camas contratualizadas no país, mas o déficit permanece grande, sobretudo em Lisboa, onde há cerca de 2.700 camas para 50.000 estudantes deslocados.

Os estudantes alertam que o ensino superior corre o risco de deixar de ser um “elevador social” para se tornar um “reprodutor das desigualdades”, apelando a soluções urgentes e estruturais.

O ministro da Educação anunciou a revisão do sistema de ação social, com possíveis alterações a partir do ano letivo 2026/2027, mas o pedido dos estudantes é para medidas imediatas.