
O setor agrícola da Lezíria do Tejo registou em junho de 2025 sinais positivos no avanço das colheitas, embora condicionado por atrasos nas campanhas face à média dos últimos anos. A informação consta do mais recente boletim mensal da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT), que monitoriza a evolução da atividade agrícola na região.
Segundo o documento, as campanhas agrícolas “decorrem com ligeiro atraso face à média dos últimos cinco anos, situação relacionada com o ano agrícola atípico que se vive em 2024/2025”. A instabilidade climática, marcada por um outono e inverno com precipitação irregular e uma primavera de temperaturas abaixo do normal, continua a influenciar os ritmos de maturação e de colheita nas explorações agrícolas da Lezíria.
Ainda assim, o mês de junho permitiu acelerar o trabalho nos campos. “Na Lezíria do Tejo, registou-se uma intensificação das colheitas, nomeadamente de cereais praganosos, favas e ervilhas secas, bem como batata de sequeiro e cebola”, refere o boletim da CCDR-LVT. As boas condições meteorológicas de início do verão favoreceram estas colheitas, permitindo ganhos de ritmo sobretudo nas explorações com solos melhor drenados e boa exposição solar.
Nas culturas de primavera/verão, as plantações de tomate para indústria encontram-se concluídas e “em desenvolvimento vegetativo normal, com alguma heterogeneidade no estádio de desenvolvimento consoante a data da plantação e as condições locais”. A produção de tomate, uma das culturas emblemáticas da Lezíria do Tejo, reveste-se de particular importância económica para a região, pela ligação às indústrias de transformação e exportação.
Por outro lado, a cultura do arroz, tradicional nos campos alagados da Lezíria, evolui de forma mista. “Algumas áreas encontram-se no início do emborrachamento, enquanto outras estão ainda em fase de perfilhamento”, aponta o documento, refletindo a assimetria no avanço das sementeiras. A variabilidade no ciclo do arroz é atribuída às diferenças no calendário de sementeira e à disponibilidade de água nos solos.
Quanto ao milho, tanto em regadio como em sequeiro, a fase de crescimento apresenta-se dentro da normalidade. No entanto, há uma “necessidade de monitorização constante face à previsão de picos de calor e à eventual escassez de água para rega”, alerta a CCDR-LVT. As reservas hídricas, apesar de razoáveis, estão sob pressão devido ao uso intensivo e à irregularidade na reposição pelas chuvas.
O boletim destaca ainda a importância da gestão criteriosa da rega na Lezíria do Tejo, sublinhando que “a gestão da água é crítica para garantir a produtividade nas culturas de verão, num contexto de pressão climática crescente”. Esta necessidade torna-se mais evidente nas explorações que dependem de captações superficiais, onde a variabilidade interanual do caudal pode comprometer a estabilidade da produção.
Apesar dos desafios, o setor agrícola da Lezíria do Tejo mostra sinais de adaptação e resiliência, apoiado em conhecimento técnico e capacidade organizativa das explorações. As próximas semanas serão decisivas para consolidar a campanha de verão, especialmente em culturas como o tomate, o arroz e o milho, que concentram grande parte do valor gerado na região.