
Um agente da PSP acusado do homicídio de um imigrante marroquino em Olhão é apontado como autor de várias publicações xenófobas nas redes sociais, muitas delas ligadas ao partido Chega. O polícia é um dos dois agentes acusados pelo Ministério Público de sequestro e agressões que levaram à morte de Aissa, um jovem marroquino de 26 anos.
Segundo a acusação, os dois polícias foram chamados em março de 2024 a um supermercado, onde dois cidadãos marroquinos estariam a causar desacatos sob efeito de drogas. Apesar de a responsável do estabelecimento não ter apresentado queixa, os agentes terão algemado os dois homens e, em vez de os levar à esquadra, conduziram-nos para uma estrada isolada.
Ali, Aissa terá sido violentamente agredido, inclusive com recurso a um objeto. Algemado, não conseguiu defender-se. Sofreu fraturas no crânio, maxilares, nariz e coluna, ficando em coma. Morreu 19 dias depois no hospital de Faro.
O Ministério Público considera que os agentes atuaram com motivações de ódio xenófobo, apontando dezenas de publicações nas redes sociais onde um dos acusados partilhava conteúdos contra imigrantes e mensagens falsas sobre apoios do Estado.
Ambos os polícias encontram-se suspensos de funções e aguardam julgamento em liberdade. A família da vítima exige 1,6 milhões de euros de indemnização ao Estado e aos agentes.
A PSP sublinha que os factos descritos são graves e lembra que os seus profissionais estão sujeitos a neutralidade política e imparcialidade, mesmo fora do serviço.