
A partida de Jorge Costa, sem aviso prévio e perante um ataque fulminante que traiu o bom coração que todos lhe reconheciam, deixou o País de lágrimas nos olhos. A sociedade e o desporto uniram-se em torno da dor de todos quantos fazem parte do universo do FC Porto, onde por direito próprio tem um lugar de destaque no historial. Do cidadão anónimo ao famoso, da política à cultura, do desporto em geral ao futebol em particular, o Estádio do Dragão foi palco de uma mobilização que, infelizmente, se tem visto mais vezes do que o desejável por aqueles lados e por motivos semelhantes. Jorge Costa sai do mundo dos vivos e todos o apontam como exemplo para companheiros e até adversários. Pela raça, pela mística por ser temido pelos adversários, por ser a imagem de um clube que soube conquistar a Europa e o Mundo com a braçadeira de capitão no braço do seu número 2.
Mas até na despedida fica uma marca que não deixa ninguém indiferente, ao conseguir o que poucos alcançam: a unanimidade e o respeito de todos, mesmo de rivais, como Federico Varandas a marcar presença no velório e Rui Costa a não poder fazê-lo por estar com o Benfica em França, percebendo-se, no entanto, a sua comoção pela trágica notícia da perda daquele que era um dos seus melhores amigos.
O futebol é paixão e emoção, é picardia e excesso, mas se há lição que podemos retirar deste momento em que carregamos profunda tristeza pela morte de alguém tão marcante é que, afinal, é possível misturar na mesma frase as palavras rivalidade e respeito. E isto ninguém pode apagar.
Orlando Fernandes