
Todos os anos Portugal assiste, com o coração apertado, ao flagelo dos incêndios que, sem dó nem piedade, se alimentam da vegetação, num turbilhão voraz quase impossível de travar. São vários hectares selvaticamente incinerados, casas consumidas pelas chamas, animais carbonizados, mas, pior do que isso, vidas que se perdem e famílias que ficam violentamente desmembradas. Na linha da frente desta guerra contra a mãe Natureza estão os bombeiros, que deixam as suas vidas para trás para proteger o que é dos outros. São heróis sem capa que todos os anos saem em prontidão das suas casas e dos seus empregos, no caso dos voluntários, para nos defender. Mas estes heróis também morrem.
Este ano já partiram dois. Daniel Agrelo, de 44 anos, era um herói sem rosto nem nome. Agora tem um nome, mas pelos piores motivos: À data do nosso fecho, é ele a mais recente vítima dos incêndios nesta vasta família de soldados da paz. Ao serviço do Corpo de Bombeiros da Covilhã, este operacional sofreu um trágico acidente de viação quando seguia para combater um incêndio na localidade de Quinta do Campo, no Fundão. Daniel vem assim acrescentar um número à lista das 115 vítimas mortais que faleceram desde 2000 no exercício das suas funções, segundo informações enviadas à TV 7 Dias pela Liga dos Bombeiros de Portugal.
Em entrevista exclusiva à nossa/sua revista, António Nunes aponta o dedo ao Governo por incumprimento de um diploma de 2015, que em muito poderia ajudar as corporações, e fala sobre os montantes que a família direta dos bombeiros falecidos em serviço recebem pelo óbito.