
As calças são uma presença na história da moda, principalmente quando pensamos nas conquistas sociais, políticas, profissionais das mulheres. Como é sabido, ao longo da evolução da humanidade, uma das peças que mais marcou o vestuário masculino foram as calças, entre outras peças, mas não vou aprofundar o tema. As mulheres não podiam usá-las, e quando o faziam era porque tinham um estatuto específico e conseguiam impor-se socialmente quando o faziam, mas a maioria não as podia vestir.
No século XIX, surgem em força distintos modelos de calças, a pensar nas classes de trabalhadores, como os mineiros ou os agricultores, que tinham de usar roupa barata, feita de materiais baratos como a ganga, e que fosse simultaneamente resistente. E nascem as calças de ganga, com algumas marcas a destacarem-se na oferta, algumas ainda no mercado. Um dos modelos de maior sucesso foram as jardineiras, pensadas para durar e também para facilitar as necessidades de quem as usava, i.e., vários bolsos com objectivas funções. Eram práticas, confortáveis, e cumpriam os requisitos.
Ao longo do século seguinte, este modelo, mantém-se mas com variantes de moda, ou seja, mantinham-se úteis em determinadas profissões, mas também começam a captar a atenção dos ditadores de moda. E assim continua neste século. Obviamente, que a oferta começou a expandir-se em distintas interpretações e materiais. Do consumidor mais jovem ao mais maduro, as jardineiras fazem as delícias de quem as usa, seja em contexto privado seja em contexto profissional, com mais design ou mais simples, com mais ou menos detalhes.
E são também as calças que se têm demarcado transversalmente na sociedade, ou seja, se já houve tempo em que eram “exclusivas” da classe trabalhadora, também conquistaram protagonismo em distintos movimentos sociais, representando uma mensagem e postura de rebelião, contestação, provocação. E hoje são uma peça de roupa que se pode dizer, como muitas outras, conquistou o estatuto de “democracia”, todos as usam, independentemente da classe social, profissão, idade, fisionomia. E ainda bem!
As mais bonitas são sempre as que não têm rasgões, de tingimento uniforme, e, preferencialmente, de corte a direito. Mediante o modelo, podem ser usadas em ambientes mais selectos, sabendo que esta é uma opção que requer saber os códigos de vestuário consoante a ocasião.
Das marcas “fast fashion” às marcas mais selectivas, as jardineiras estão disponíveis para serem compradas: Springfield, Lefties, Levi’s, GAP, Diesel, Saint Laurent, Bottega Veneta, Miu Miu, Ralph Lauren, entre outras. As calças de ganga, e as jardineiras em particular, são francamente um “statement” de moda. Ninguém lhes fica indiferente. Se não tem nenhumas, homem ou mulher, desafio a experimentar e…usar!