
No passado sábado, dia 2, na Festa do Emigrante, em Lousada, e de entrada gratuita, os Anjos atuaram e o concerto tornou-se viral. O motivo? A pouca plateia! Os irmãos Rosado cantavam para apenas uma centena de pessoas.
Contudo, a verdade é que o espectáculo deu-se durante a tarde e os termómetros registavam 41º centígrados; dessa forma, as pessoas optaram ou por não ir ou por ficar à sombra. No rescaldo, Pedro Chagas Freitas escreveu;
“Todos estivemos – no recreio, na sala de aula, na empresa – onde eles estiveram: a sentir que nos gozam, que nos desvalorizam, que fazem troça do que é, para nós, uma vida inteira de trabalho. Ninguém gosta que aquilo que levámos anos a construir com unhas, suor e melodia se torne numsketchde um minuto e meio. Quando se está magoado, o ridículo torna-se sagrado.
O que os Anjos fizeram – processar quem os magoou – não é nobre, não é bonito. Não deixa de ser humano. É legítimo no código dos ofendidos. A raiva é uma linguagem. Nesse idioma, a vingança é coerente, é o remédio fácil. Todos já engolimos esse remédio. O que estão a fazer-lhes agora é outra coisa: ébullyingque vem dos polegares, é a matilha a farejar sangue, a decidir que está autorizada a devorar. Não querem defender a liberdade de expressão; querem sentir-se melhores quando destroem. Rir de quem caiu é, para muitos, a única forma de se sentirem de pé.”
“É a maldade…:”
“O Sérgio e o Nelson parecem boas pessoas, de verdade. Temos de voltar a vê-los assim, é urgente voltar a posicioná-los assim: como pessoas que se sentiram feridas, que tentaram reagir como souberam, ou como não souberam controlar. Reagiram ao desconforto de serem postos em causa, levaram-se demasiado a sério, não tiveram capacidade de se rir de si mesmos. Quantas vezes também fomos assim na nossa vida? A empatia, muito citada e pouco praticada, serve para saber que todos temos os nossos ridículos. Do ridículo à mágoa vai um passo curto. Não precisamos de gostar do que fizeram. Também não precisamos de linchá-los. Isso não tem piada nenhuma. É a maldade a fazer de conta que é o karma“.
Texto: Maria Constança Castanheira; Fotos: Redes Sociais e Arquivo Impala
Processo comentado por jornalista da SIC: “A piada é rainha. Aguentem-se…”