
Um angolano, um português e um brasileiro chegam ao aeroporto... — podia ser este o início de uma daquelas piadas que leva à risca a regra dos três mas é mais um episódio (nada) cómico e, quem sabe, de censura.
O Gilmário Vemba, o Hugo Sousa e o Murilo Couto estão a percorrer o mundo lusófono com o espetáculo Tons de Comédia. Mas na noite de domingo, 20 de julho, a tour mundial sofreu um travão inesperado: os três comediantes foram impedidos de entrar em Moçambique.
Desde então, têm surgido várias reações, especialmente de humoristas brasileiros que não esconderam a indignação.
O Danilo Gentili usou os stories do Instagram para chamar o caso pelo nome: “censura”. E acrescentou que se trata de um “motivo político”, apelando à intervenção da embaixada. A preocupação não ficou por aí:
“Isto me faz ficar preocupado com a segurança deles”, escreveu.
O Victor Sarro foi direto ao ponto:
“Isso é um absurdo! Eles precisam de ajuda!”
Já Whindersson Nunes partilhou a notícia e fez questão de reforçar a solidariedade, com direito a promessa:
“Volto a Moçambique junto @mr_filadagodaaa quando ele puder entrar! Prestigiar um irmão fazendo humor em um país lindo, na nossa língua! E deveria ser um direito de todos os moçambicanos!!”
Também Leo Lins — humorista condenado a mais de 8 anos de prisão por alegadas piadas ofensivas — reagiu com um misto de crítica e sarcasmo. Primeiro, partilhou a notícia com o comentário: “Triste pela situação política de Moçambique. Humoristas proibidos de fazer show no país.”
Depois, publicou um vídeo com a legenda: “Descobriram o que eles iam fazer em Moçambique”, onde ironiza:
“É um absurdo. Três comediantes, colegas, estão impedidos de entrar em Moçambique. De certo porque descobriram que eles iam cometer um ato terrível, algo que pode ferir muitas pessoas… eles iam contar piadas!”
E conclui:
“Fico triste pelo povo de Moçambique com o qual, inclusive, compartilhamos a mesma língua, passar por uma situação autoritária como esta. Não tem como não ser taxado de ditatorial. Espero que isso seja resolvido o quanto antes.”
Se há algo que une os países lusófonos é a língua — e, como estamos a ver, também a capacidade de rir (ou impedir o riso). Fica agora por saber: quem tem mesmo medo de três humoristas em palco?