
O grupo de humoristas que não foi autorizado a entrar em Moçambique, no domingo, onde teriam um espetáculo de stand-up comedy, aterrou esta tarde, depois das 19:00, no Aeroporto de Lisboa. Em declarações aos jornalistas após a aterragem, o conjunto humorístico revelou ter sido tratado de forma "desumana" e assegurou desconhecer as razões pelas quais foram impedidos de entrar no país.
Na chegada ao território luso, o humorista português da comitiva, Hugo Sousa, admitiu que viveram "momentos complicados", enquanto Gilmário Vemba explicou que ainda não perceberam o que aconteceu ao certo:
"Estávamos, obviamente, com todas as condições para chegar e fazer o nosso trabalho. Não é a primeira, nem a segunda, nem a terceira vez que vou para Maputo fazer esse tipo de espetáculo e no ano passado estive lá com o mesmo produtor e a única coisa nova foram esses dois [humoristas]."
As autoridades moçambicanas alegaram que os artistas deveriam ter requerido um visto cultural, de forma a poderem entrar em solo moçambicano, algo que não fizeram.
"Nunca me aconteceu isto"
No entanto, Gilmário Vemba afirma que a lei sobre aos vistos de entrada no país mudou em 2022, mas garante que em 2024 realizou um espetáculo de comédia no país e não teve qualquer problema.
"Há muitos anos que vou a Moçambique fazer espetáculos e nunca me aconteceu isto", aponta.
Por sua vez, o humorista português contesta as informações que têm vindo a público de que o conjunto humorístico não teria um "visto de trabalho" para entrar na nação africana:
"Óbvio que não podemos fazer tours da dimensão que andamos a fazer e andar a brincar. Ontem, tínhamos lá um espetáculo para 1.500 pessoas e soubemos que iam lá políticos."
Humoristas falam em "tratamento desumano"
O candidato presidencial moçambicano, Venâncio Mondlane, defendeu, esta segunda-feira, que o grupo viu negada a sua entrada no país devido à proximidade de Gilmário Vemba com a oposição política.
Confrontado com esta possibilidade, o angolano assumiu que não consegue afirmar que "seja isso" e remeteu explicações para o Governo de Moçambique. Revelou ainda que á chegada ao aeroporto de Maputo os humoristas foram tratados de forma "desumana".
"O aeroporto de Moçambique não tem condições para albergar pessoas, sendo que nós, angolanos e portugueses, temos isenção de visto, o espetáculo já tinha sido cancelado, não havia risco nenhum de fuga, tínhamos bilhete de passagem para o dia seguinte", denunciou Gilmário Vemba.
Hugo Sousa completou dizendo que não receberam comida nem água e que tiveram de dormir no chão.
O espetáculo de domingo, que não se realizou, estava marcado para as 17:00 locais (16:00 em Lisboa) no Centro Cultural China Moçambique, em Maputo.