O tema de abertura, 'Menino de Saudade', uma letra de Acácio Barbosa, que interpreta na melodia do Fado Cravo, de Alfredo Marceneiro, resume a vida do cantor "num fado", afirmou o fadista em declarações à agência Lusa.

Além destes inéditos, Bruno Mega gravou outros temas como 'Sol do Teu Olhar' (Jorge Ataíde), 'Quero Viver Contigo' (Miguel Coelho Ramos), 'Minha Luz, Meu Paraíso' (José Patrício/Fado Maria Rita, de Armando Machado), 'Lembranças do Meu Passado' (José Patrício/Fado Oliveira, de Arménio de Melo) e 'Ninguém é de Ninguém' (João Alberto/Joaquim Campos da Silva).

Para Bruno Mega, este álbum é "uma defesa do fado tradicional", dizendo o fadista: "Hoje em dia há muita mistura, muita conexão -- que não é mau, não é mau, não julgo -, há muita conexão entre o fado e outros estilos musicais, mas eu acho que o fado tradicional tem de continuar na ribalta".

Do alinhamento do álbum fazem também parte a recriação de temas como 'Entrega' (Pedro Homem de Mello/Carlos Gonçalves), uma criação de Amália Rodrigues, 'Lamentos' (Domingos Gonçalves da Costa/Maximiano de Sousa) e 'Noite (Vasco de Lima Couto/M. de Sousa), criações de Max, que outros fadistas também já gravaram.

A escolha de Max surgiu naturalmente, já que o seu avô era "o maior amigo" do cantor e compositor madeirense.

Sobre o alinhamento do disco, Bruno Mega disse que "foi mais imaginado pelos colegas e a [sua] mulher que propriamente" por si.

Max (1918-1980) é uma das suas vozes de referência de Bruno Mega, assim como Fernando Maurício (1933-2003), Marina Mota e Lenita Gentil.

Filho do fadista Fernando Mega, Bruno começou a cantar aos 14 anos, tendo feito um interregno de dez anos, aos 30 anos.

Casou-se, foi viver para a Ericeira, nos arredores de Lisboa, e afastou-se "um bocado do fado", para regressar agora com um segundo disco, que sucede a 'Sonho Realizado' (2013).

Atualmente, o cantor faz parte do elenco da casa de fados Tasquinha Canto do Fado, em Lisboa, e define-se como "um homem de sonhos, de ideias fixas e de ter objetivos".

"O fado, hoje em dia, é a minha vida, foi algo de que abdiquei há uns anos, mas não o devia ter feito", disse à Lusa.

Questionado sobre o título do álbum, 'A Vida Paga', Bruno Mega afirmou: "Agora nos meus 40 anos, se formos verdadeiros connosco próprios, se fizermos as coisas bem, com humildade, com verdade, com bondade, eu acho que mais cedo ou mais tarde 'a vida paga', isto é o que costumo dizer para mim".

O fadista afirma que o meio fadista "é difícil", mas considera que "há lugar para todos".

"O fado é um meio competitivo, mas eu não quero passar por cima de ninguém. É um meio pequeno, se houver 300 pessoas a cantar e a tocar fado, é muito. É de facto um meio muito competitivo, em que, infelizmente as pessoas querem sempre passar por cima umas das outras", declarou à Lusa, acrescentando: "Se andarmos aqui com humildade alcançamos os objetivos que delineámos".