
Bambie Thug, artista que representou a Irlanda com 'Doomsday Blue' no Festival Eurovisão da Canção de 2024, anunciou que não voltará a cantar a canção que lhe deu a sexta posição no concurso europeu até que Israel seja expulso da competição.
O anúncio foi feito durante um concerto no Festival Lowlands, que decorreu entre os dias 15 e 17 de agosto, nos Países Baixo, mas tornou-se agora do conhecimento do público após um vídeo ter-se tornado viral nas redes sociais.
"Sei que alguns de vocês me conhecem daquela competição. O Festival Eurovisão da Canção. E sei que alguns de vocês talvez gostassem de ouvir 'Doomsday Blue', disse Bambie Thug durante um concerto. "Mas, devido ao estado do mundo e devido ao estado dessa competição, já não toco essa música. Estou a boicotar essa música, tal como essa competição".
"Se um dia eles se organizarem e expulsarem Israel daquela competição de m****, então voltarei a cantá-la. Mas até lá…", acrescentou.
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Esta não é a primeira vez que Bambie Thug se posiciona a favor da Palestina. Em maio de 2024, durante os ensaios para o Festival Eurovisão da Canção, que naquele ano decorreu na Suécia, surgiram imagens da sua maquilhagem onde se podia ler "Ceasefire" ("cessar-fogo", em Português) e "Freedom for Palestine" ("Liberdade para a Palestina") em ogham, o antigo alfabeto celta.
No entanto, as 'mensagens' não foram transmitidas durante a atuação em direto. Segundo Bambie Thug, a União Europeia de Radiodifusão (UER) fez-lhe um ultimato uma hora antes do festival: ou removia as inscrições ou não poderia aturar.
"Depois do meu primeiro ensaio geral, pediram-me para remover da minha maquilhagem tanto o 'Liberdade para a Palestina' como o 'Cessar-fogo' em ogham. A minha delegação e eu lutámos contra isto e a EBU/UER acabou por concordar em manter o 'Cessar-fogo'. Cerca de uma hora antes da minha atuação, fui informada de que tiveram uma reunião interna e que o 'Cessar-fogo' não era mais aceitável, e se eu não o removesse, não me seria permitido subir ao palco", afirmou na altura nas redes sociais.
Recorde-se que a participação de Israel na Eurovisão no ano passado foi bastante criticada devido ao conflito na Faixa de Gaza. Antes do evento, a organização defendeu que "o Festival Eurovisão da Canção é um concurso para as emissoras públicas de toda a Europa e do Médio Oriente". "É um concurso para as emissoras - não para governos - e a emissora pública israelita participa no concurso há 50 anos", reiterou.
Questionada sobre o facto de a Rússia ter sido expulsa do festival, em 2022, após a invasão da Ucrânia, a UER explicou que o país liderado por Vladimir Putin violou as suas "obrigações" enquanto membro e violou "os valores dos meios de comunicação social públicos".
Este ano, a estação de televisão israelita escolheu Yuval Raphael, uma sobrevivente do ataque do Hamas de 7 de outubro, como a sua representante. A artista alcançou o segundo lugar com 'New Day Will Rise', ficando apenas atrás do vencedor JJ com 'Wasted Love'.