Os filmes portugueses “On Falling”, “O Riso e a Faca” e “Banzo” são candidatos a uma nomeação para os Goya 2026, os prémios espanhóis de cinema, revelou a Academia Portuguesa de Cinema.

Segundo a academia, “On Falling”, de Laura Carreira, e “O Riso e a Faca”, de Pedro Pinho, procuram uma nomeação para o Goya de Melhor Filme Europeu. “Banzo”, de Margarida Cardoso, é candidato na categoria de Melhor Filme Ibero-Americano.

“Banzo” é uma ficção passada no começo do século XX algures numa ilha tropical africana, e retrata a relação violenta entre colonos portugueses e negros em trabalho escravo. No filme, Carloto Cotta interpreta um médico da metrópole, enviado para a ilha, para curar um grupo de escravos negros, embarcados à força para plantações, que estão a morrer por causa de uma profunda tristeza.

A palavra “banzo” significa a “nostalgia dos escravizados”, dos que foram forçados a sair de África para trabalhar em plantações no Brasil e se sentiam deslocados e com saudades de casa. No fundo, uma nostalgia que era uma depressão, explicou Margarida Cardoso em entrevista à Lusa em 2024.

“On Falling” é a primeira longa-metragem de ficção de Laura Carreira, foi rodada na Escócia, onde a realizadora vive, e a história volta ao mesmo tema das curtas-metragens “Red Hill” (2018) e “The Shift” (2020): o trabalho. No filme, Aurora (a atriz Joana Santos) é uma jovem portuguesa, emigrada na Escócia, que trabalha num armazém como ‘picker’, a recolher os produtos que os consumidores compram a uma determinada marca ou loja. Com um trabalho monótono, solitário, repetitivo, desumanizado e mal pago, Aurora tem grandes dificuldades em subsistir e sente-se alienada, só e incapaz de socializar no trabalho e em casa, num apartamento que divide com outros emigrantes.

Em entrevista à Lusa, em fevereiro passado, a realizadora portuguesa disse que o filme pode ser um contributo e um alerta da sua geração sobre o valor e a importância do trabalho.

“O Riso e a Faca” é a segunda longa-metragem de ficção de Pedro Pinho e estreou-se em maio no Festival de Cinema de Cannes, em França, valendo à atriz Cleo Diára um prémio de representação. O filme segue a história de Sérgio, um engenheiro ambiental que viaja para “uma metrópole da África Ocidental”, para trabalhar numa organização não-governamental e ajudar a decidir sobre a construção de uma estrada entre o deserto e a selva, lê-se na sinopse das produtoras Uma Pedra no Sapato e Terratreme Filmes.

Enquanto se ambienta a um novo território, Sérgio “envolve-se numa relação íntima, mas desequilibrada com dois habitantes da cidade, Diara e Gui. À medida que se adentra nas dinâmicas neocoloniais da comunidade de expatriados, esse laço frágil torna-se o seu único refúgio perante a solidão ou a barbárie”.

Rodado em África, o filme conta com as interpretações de Sérgio Coragem, Cleo Diára e Jonathan Guilherme nos principais papéis.

A 40.ª edição dos Goya, que são atribuídos pela Academia de Cinema de Espanha, está marcada para 14 de fevereiro em Barcelona.

(LUSA)