
Parlamentares democratas norte-americanos informaram que vão apresentar, no Senado dos Estados Unidos, uma proposta com trâmite prioritário para tentar votar e derrubar o ‘tarifaço’. As tarifas de 50%, segundo o decreto, entram em vigor na próxima quarta-feira, dia 6.
Paralelamente, tribunais federais americanos investigam um possível abuso de poder na invocação da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA, na sigla em inglês). A ordem executiva do ‘tarifaço’ foi oficializada como uma declaração emergencial, argumentando que o Brasil está comprometendo a “segurança nacional” dos EUA.
Os senadores, que conversaram com a comitiva brasileira que esteve em Washington e especialistas jurídicos, defendem que essa justificativa da Casa Branca — a alegada ameaça à segurança nacional representada pela atuação do STF brasileiro — não é legitima.
Em nota conjunta, os senadores Jeanne Shaheen, Tim Kaine, Chuck Schumer e Ron Wyden condenaram o viés politico do ‘tarifaço’, que tem como objetivo interferir e impedir a Suprema Corte do Brasil de processar o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de estado, depois das eleições presidenciais de 2022.
No passado, o Senado americano já votou para contestar o uso da IEEPA por Trump na imposição de tarifas. No início de abril, a Casa aprovou por 51 votos a 48 a revogação de tarifas impostas ao Canadá. A Câmara dos Representantes, no entanto, usou manobras regimentais para evitar votar a proposta.
Já final do mês, uma nova tentativa de revogar tarifas “recíprocas” anunciadas por Trump fracassou em votação empatada (49-49), já que dois senadores contra as tarifas do presidente americano estavam ausentes.
Os oito senadores, tanto da base, quanto da oposição do Governo Lula, durante os três dias de reuniões em Washington, tentaram transmitir para a classe política e empresarial dos EUA, que as tarifas vão prejudicar os dois países.
O senador Martin Heinrich destacou o impacto no preço da madeira e do café. AO custo da madeira no Novo México, por exemplo, importada de Santa Catarina, no Brasil, subiu.
Os senadores, tanto brasileiros, quanto americanos, também alertaram sobre o risco de cidades americanas ficarem “no escuro”. Isso porque muitos transformadores de energia nos EUA vêm do Brasil.
Como apurou o correspondente da SIC, Anthony Wells, que está em Washington, no ano passado, os EUA gastaram quase US$ 30 bilhões com transformadores — dos quais US$ 541 milhões vieram do Brasil.
No primeiro semestre de 2025, mais de 80% das exportações brasileiras desses equipamentos tiveram como destino o mercado americano. Pesando até 500 toneladas, os transformadores são essenciais para a transmissão de energia — e vitais na corrida dos EUA por infraestrutura para carros elétricos e grandes modelos de inteligência artificial.
Agora, os contratos firmados com fornecedores brasileiros estão sob risco. Por isso, empresários americanos pressionam, também, o governo a rever a decisão.