O presidente da próxima Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP30) reconheceu nesta Quinta-feira que vários países africanos solicitaram uma mudança no local do evento devido aos preços “abusivos” dos hotéis na cidade brasileira de Belém.

O embaixador André Corrêa do Lago declarou durante uma reunião virtual com correspondentes estrangeiros que havia “um sentimento de revolta” por parte das nações em desenvolvimento, principalmente africanas, que afirmaram que não poderão viajar para o evento em novembro por esse motivo.

As reclamações desses países foram transmitidas aos organizadores brasileiros da COP30 numa reunião realizada na terça-feira, segundo o diplomata, que admitiu que os preços dos estabelecimentos para as datas da conferência estão dez vezes mais caros do que o habitual.

Nesse sentido, Corrêa do Lago disse que há um “grande esforço” por parte do governo do Brasil para convencer os hotéis a reduzir os preços, embora tenha dito que a legislação atual não permite obrigar os estabelecimentos a fazê-lo. “Os hotéis talvez não estejam a perceber a crise que estão a provocar”, afirmou o diplomata.

O governo anunciou em meados do mês que 98 países em desenvolvimento ou insulares terão acesso prioritário aos 3.900 quartos que serão habilitados em dois cruzeiros que as autoridades contrataram para ampliar a hospedagem na cidade amazónica.

Além disso, o sistema de reservas será gerido pela ONU e oferecerá às nações com menos recursos um preço individual de 220 dólares por dia, contra 600 dólares para os demais países.

A escassez de alojamento em Belém, que nunca havia sediado um evento dessa magnitude, diz a Lusa, tem sido motivo de preocupação desde que a cidade foi escolhida como sede da COP30 há um ano e meio.

Apesar das críticas, o Presidente brasileiro, Lula da Silva, insistiu na sua aposta em Belém, a primeira vez que uma cidade situada numa floresta tropical acolherá o principal evento climático do planeta.