"Estamos aqui, cumprindo o que pediu a María Corina Machado, concentrados um pouco por todos os lados, em grupos de até 40 pessoas, para assinalar os dois meses das eleições presidenciais de 28 de julho, porque Edmundo González Urrutia é o presidente eleito", disse uma manifestante à Lusa.

Magaly Quintero, 57 anos, juntou-se com outras pessoas na Praça de Los Palos Grandes, no leste de Caracas, onde leram as atas de várias assembleias de voto, que a oposição tem o seu poder, e depois cantaram o hino nacional da Venezuela.

"Mais que grandes concentrações, em que as pessoas se arriscam a ser detidas quando regressam a casa, concentramo-nos agora na vizinhança e entre todos defendemo-nos de possíveis tentativas de detenção. Além disso marcamos assim presença em todas as paróquias a nível nacional", disse.

A menos de trezentos metros de distância outro grupo de pessoas concentraram-se junto do centro comercial Parque Cristal, para reclamar a divulgação das atas oficiais das últimas presidenciais e pedir a liberdade dos presos por motivos políticos no país.

"A nossa luta continua até que Edmundo González Urrutia [atualmente exilado em Espanha] regresse ao país e se assuma como presidente, porque ele ganhou e não podemos deixam que nos roubem as eleições. Todos sabemos e o mundo inteiro sabe que [Maduro] Nicolás já está de saída", disse Araid Riviera.

De cozinheira de profissão explicou que enquanto não houver uma mudança de regime na Venezuela, "a economia no se destrancará e no país haverá mais e mais pobreza, mais e mais repressão".

"E, estamos aqui também para recordar que há mais de 2.000 pessoas presas por motivos políticos, inclusive adolescentes com 14 anos de idade. Não podemos permitir que isso continue acontecendo, que alguém seja penalizado apenas por ter ideias diferentes, por acreditar que o melhor é viver em democracia", explicou.

Este grupo de pessoas tinha nas mãos cartazes com fotos de presos políticos, entre eles conhecidos jornalistas, políticos, membros de ONG e ativistas dos direitos humanos.

A Venezuela realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Nicolás Maduro com pouco mais de 51% dos votos.

A oposição venezuelana contesta os dados oficiais e alega que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, obteve quase 70% dos votos.

Oposição e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.

Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.

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