A Câmara de Loures iniciou, esta quinta-feira, o despejo de cerca de 100 pessoas de várias habitações, em Santa Iria de Azoia. Numa altura em que já estão a retirar os pertences do interior das casas, os moradores garantem que, caso a Câmara não preste auxílio, terão de ir para "debaixo da ponte".
Esta quinta-feira, as várias famílias que se veem obrigadas a abandonar as habitações ocupadas começaram a retirar os bens pessoais, numa altura em que o prazo para o fazerem já terminou.
À SIC, um dos moradores admite que as pessoas visadas estão "com medo" porque não têm para onde ir.
Relata também que há vários agregados familiares compostos por crianças e doentes.
Conta ainda que já haviam encetado contactos com a Câmara Municipal de Loures bem como com a junta de freguesia local, mas sem sucesso, pelo que, à partida, garante, terão de passar a noite "debaixo da ponte":
"Estamos a tirar os nossos pertences e a colocá-los debaixo da ponte para ficarmos debaixo da ponte porque não temos para onde ir."
Assume que recebe um salário de 820 euros, um valor incompatível com os preços das habitações praticados atualmente. Uma situação que se agrava uma vez que diz ter um filho e esposa para sustentar.
Gonçalo Filipe, integrante do movimento Vida Justa, explica à SIC que a organização exige à autarquia que não despeje as cerca de 100 pessoas sem apresentar uma alternativa:
"Aquilo que é o ideal é que a Câmara consiga arranjar uma solução permanente de habitação para estas pessoas, colocando-as em habitações sociais ou então ajudando-as a pagar a renda no mercado privado", aponta.
Até ao momento, acrescenta, a autarquia ainda não se pronunciou sobre a situação, tendo remetido explicações para um comunicado que será emitido ainda esta quinta-feira.