Numa comunicação ao país a partir da Sala das Bicas no Palácio de Belém, em que anunciou a terceira dissolução da Assembleia da República nos seus mandatos e a convocação de eleições antecipadas para 18 de maio, Marcelo Rebelo de Sousa considerou "inevitável" que o tema que originou a crise política -- a vida patrimonial e profissional do primeiro-ministro - ocupe parte do debate eleitoral, "em particular nas primeiras semanas".

"Debate que pode e deve pesar, e pesar bem, os sinais e riscos para a democracia de situações de confrontos em que não é possível haver consenso, nem que parcial seja, porque se trata de conduzir a becos de natureza pessoal e ética, que não têm saída que não sejam as eleições", avisou.

No entanto, defendeu, "seria um desperdício imperdoável não discutir aquilo que tanto preocupa o dia-a-dia dos portugueses nestes e nos próximos tempos".

"Impõe-se que haja um debate eleitoral. Claro, frontal, esclarecedor, mas sereno. Digno, elevado, tolerante, respeitador da diferença e do pluralismo", pediu.

O Presidente da República alertou para o risco de outro tipo de discussão poder enfraquecer a democracia e abrir "ainda mais à porta as experiências que se sabe como começam e se sabe como acabam".

"É o apelo para todos e, creio, de todos os portugueses. Um debate que dê força a quem nos vier a representar na Assembleia da República. Que dê força a quem nos vier a governar. Que dê força aos portugueses para controlarem os seus representantes e os seus governantes", disse.

Na sua comunicação de cerca de dez minutos, avisou que só a democracia tem "capacidade de enfrentar e superar crises", ao contrário da ditadura.

Marcelo Rebelo de Sousa prometeu ainda dar condições ao Governo em gestão para que "se não pare a execução do Plano de Recuperação e Resiliência".

"Sem atropelo, claro, das regras eleitorais. Qual o objetivo? Permitir uma transição, se possível, tão pacífica como a vivida em 2024. Só que agora em dois meses e meio e não em cinco como então", afirmou.

SMA // JPS

Lusa/fim