Braga prepara-se para receber, de 18 a 20 de Setembro, a 3.ª edição do Festival Paraíso, um encontro artístico e cultural dedicado à afrodescendência lusófona que, este ano, se inscreve nas comemorações dos 50 anos das independências dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

O evento assume-se como espaço de reflexão crítica sobre o passado colonial, as identidades contemporâneas e os desafios actuais de combate ao racismo e à xenofobia.

Mais do que uma celebração, a edição de 2025 quer provocar diálogo e inspirar novas formas de convivência entre comunidades.

“O festival quer deixar uma marca sólida em Braga, afirmando-se como um evento que fomenta o debate em torno da afrodescendência”, sublinha o curador Nuno Abreu, em entrevista à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA.

O programa reunirá artistas e pensadores de cinco países lusófonos – Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe – e será marcado por uma programação multidisciplinar que inclui música, cinema, conversas, visitas guiadas e residências artísticas.

Entre os destaques estão a estreia da primeira ópera de Dino D’Santiago, criada em parceria com Adilson, que aborda a jornada de um homem afrodescendente sem cidadania em Portugal; a exibição do filme Independência (2015), de Fradique (Mário Bastos); e o regresso aos palcos da mítica Banda Monte Cara, além do som inovador do coletivo Fidju Kitxora.

O eixo de Mediação, novidade nesta edição, contará com iniciativas como uma visita guiada pelo património colonial de Braga e uma residência artística na Biblioteca Pública da cidade, com o pintor Ruben Zacarias.

Para Nuno Abreu, o Paraíso é mais do que um festival. “Desejamos que haja um cruzamento natural entre todos os públicos. É um programa arrojado e pensado para quem quer dialogar e refletir sobre as temáticas que desafiam as sociedades actuais.”

A organização prevê receber cerca de 1.500 participantes, com entradas maioritariamente gratuitas e algumas actividades pagas. A curadoria é coordenada por Nuno Abreu, em colaboração com a Bantumen (Cinema e Pensamento) e a investigadora Rosa Cabecinhas (Universidade do Minho, CECS, Conciliare) para as áreas de Mediação e Pensamento.

Com este encontro, Braga afirma-se como cidade progressista na valorização das expressões artísticas afrodescendentes e na promoção da consciência colectiva em torno da lusofonia.