Um relatório da DBRS, publicado na quarta-feira, mostra que os bancos do Sul da Europa estiveram entre as instituições que reportaram menores perdas de capital no teste de stress realizado pela Autoridade Bancária Europeia (EBA), que envolveu 64 bancos de 17 países da União Europeia e do Espaço Económico Europeu. Os bancos portugueses (Caixa Geral de Depósitos e Millennium BCP), gregos e italianos foram os que mais melhoraram o seu desempenho em comparação com o teste de stress realizado em 2023.

Segundo a agência de notação financeira, “o melhor desempenho dos bancos do Sul da Europa foi impulsionado por um ponto de partida significativamente mais sólido, após dois anos de rentabilidade robusta em 2023 e 2024, bem como pela melhoria na qualidade dos ativos”.

Os resultados para os bancos do Sul da Europa variam de país para país. O cenário adverso da EBA (abrangendo os anos de 2025, 2026 e 2027) assumiu quedas do Produto Interno Bruto (PIB) de 7,4% em Itália, 6,1% na Grécia, 5,8% em Portugal e 4,1% em Espanha. Neste cenário, o rácio CET1 (Common Equity Tier One) médio agregado no final do período variou entre 10,95% para os bancos espanhóis e 17,92% para os bancos portugueses, o que resultou em perdas de capital que oscilaram entre 53 pontos base (pb) no caso dos bancos portugueses e mais do dobro nos restantes países: 165 pb para os bancos gregos, 180 pb para os italianos e 185 pb para os espanhóis.

Observa-se que, apesar de apresentarem uma das menores perdas de capital no exercício, os rácios de capital CET1 dos bancos espanhóis, no final de 2027, em cenário adverso, foram dos mais baixos em termos absolutos entre todas as jurisdições, a par dos bancos franceses.

Além disso, o cenário de taxas de juro elevadas incorporado no exercício trienal (2025–2027) beneficiou especialmente os bancos do Sul da Europa, devido à estrutura dos seus balanços. Em alguns casos, a menor exposição, face à média, a sectores considerados vulneráveis neste contexto — como o imobiliário comercial — também ajudou a mitigar o impacto na perda de capital.

Como resultado, os bancos do Sul da Europa estiveram entre os que mais beneficiaram da geração interna de capital durante o cenário adverso de três anos, com as contribuições para os resultados líquidos a variarem entre 8,4% (nos bancos italianos e gregos) e 10,9% (nos bancos portugueses), em comparação com uma média de 4,1% nos restantes bancos da União Europeia. Os bancos com maior proporção de empréstimos com taxa de juro variável, como os bancos portugueses, foram os mais beneficiados com a hipótese de subida das taxas de juro nesse cenário.

Os bancos do Sul da Europa reportaram um rácio CET1 agregado de 13,9% no início do exercício (com base nos valores do final de 2024, segundo as regras do CRR3), que desceu para 12,2% em 2027 no cenário adverso, o que representou uma perda média de capital de 178 pb, significativamente inferior à média europeia, que foi de 370 pb.

Apesar do bom desempenho dos bancos do Sul da Europa no cenário adverso do teste de stress, a DBRS não prevê uma redução significativa dos requisitos de capital para estas instituições, de forma geral.

Como evidenciam os resultados do teste de stress, os bancos do Sul da Europa tornaram-se mais resilientes, após anos de melhoria da rentabilidade e da qualidade dos ativos. Este progresso também foi reconhecido nas ações de revisão das notações de crédito levadas a cabo pela DBRS. Desde o início de 2023, a agência melhorou a classificação de 21 bancos do Sul da Europa com notação pública.

Classificação de rating da DBRS