A transformação tecnológica está a alterar profundamente o mercado de trabalho. A procura por profissionais especializados em áreas emergentes como Inteligência Artificial (IA), Cibersegurança e Big Data tem vindo a crescer, e com ela a necessidade de formação contínua.

Falámos com Luís Silva, presidente do Porto Tech Hub, associação que visa tornar o Porto num centro tecnológico de excelência, e com Hugo Sousa, lead Cloud architect & People lead na Zühlke, empresa tecnológica com escritório no Porto, sobre a importância da formação em novas tecnologias e o impacto que esta tem na evolução das carreiras e das organizações.

Luís Silva, presidente da Porto Tech Hub, destaca que “a análise de dados, a engenharia de dados e a cibersegurança são hoje essenciais”, refletindo uma realidade em que os dados são cada vez mais valiosos e os riscos digitais mais frequentes. A associação tem apostado em iniciativas como o programa SWitCH, que promove a requalificação de profissionais em parceria com universidades e empresas. “Criamos oportunidades de aprendizagem e networking que potenciam o talento e o ecossistema”, concretiza.

Luís Silva, presidente da Porto Tech Hub
Luís Silva, presidente da Porto Tech Hub

Além da formação técnica, Luís Silva sublinha a importância das chamadas soft skills, como a comunicação e o trabalho em equipa. “A tecnologia automatiza tarefas, mas são as competências humanas que fazem a diferença”, diz, defendendo que o futuro da formação passa por uma abordagem colaborativa entre empresas, associações e instituições de ensino.

“A tecnologia automatiza tarefas, mas são as competências humanas que fazem a diferença”, diz Luís Silva, presidente da Porto Tech Hub

Essa visão é partilhada por Hugo Sousa, lead Cloud architect & People lead na Zühlke. A Zühlke procura engenheiros Full Stack com experiência em .NET, mas valoriza também o pensamento crítico, a autonomia e a capacidade de adaptação. “As soft skills são fundamentais para o sucesso dos projetos”, afirma.

Na Zühlke, o desenvolvimento dos colaboradores é promovido através de uma cultura de aprendizagem contínua. Cada profissional desenha a sua própria jornada de crescimento, com apoio da empresa. “Queremos que cada pessoa assuma a responsabilidade pelo seu próprio desenvolvimento, com acesso a formações, eventos e recursos personalizados”, explica Hugo Sousa.

Hugo Sousa, Lead Cloud Architect & People Lead na Zühlk
Hugo Sousa, Lead Cloud Architect & People Lead na Zühlk

A retenção de talento é outro desafio. Para além da remuneração, fatores como a flexibilidade, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional e as oportunidades de crescimento têm um peso crescente. “O chamado ‘salário emocional’ é decisivo na escolha e permanência dos profissionais”, afirma.

A empresa tem também uma forte ligação ao meio académico, participando em eventos e colaborando com instituições de ensino. Em países onde opera, a Zühlke já leciona disciplinas e desenvolve programas de trainees, com planos para expandir estas iniciativas em Portugal.

“A aprendizagem nunca pode parar. Quem domina o potencial da IA estará mais bem posicionado para o futuro” diz Hugo Sousa, lead Cloud architect & People lead na Zühlke

Sobre o futuro, Hugo Sousa destaca a Inteligência Artificial como uma das tendências mais marcantes. “A IA já está a transformar o presente e continuará a moldar o futuro da indústria”, afirma, defendendo que os profissionais devem investir na formação contínua e na curiosidade ativa para acompanhar esta evolução.

A formação em novas tecnologias é hoje um pilar essencial para o desenvolvimento profissional e empresarial. A colaboração entre associações, empresas e instituições de ensino revela-se fundamental para preparar o talento nacional para os desafios do futuro.

Num setor em constante mudança, aprender deixou de ser uma etapa e passou a ser um processo contínuo — e quem o abraça estará mais bem preparado para construir um futuro tecnológico, humano e sustentável.