Se Angola avançar com os seus planos, adquirir 25% da De Beers, e o Botswana concretizar as suas ambições, o coração da indústria diamantífera regressará ao continente que sempre lhe deu vida. Pela primeira vez na história, os dois maiores players africanos poderão deter participação relevante, talvez até maioritária, na empresa que durante um século simbolizou o domínio europeu sobre os recursos africanos.

Fundada em 1888, a De Beers é um dos nomes mais icónicos da indústria do luxo. Durante décadas, dominou quase por completo o comércio global de diamantes e criou slogans que moldaram o imaginário do sector como “A diamond is forever”. Mas os tempos mudaram. Hoje, a empresa enfrenta queda de margens, concorrência sintética e pressão por modelos mais éticos e sustentáveis.

A saída da Anglo American coloca a De Beers numa encruzilhada: IPO em Londres ou Joanesburgo? Venda direta para um investidor estratégico? O futuro está em aberto.

Comenta-se que pelo menos nove manifestações de interesse já chegaram à mesa da Anglo American. Entre investidores financeiros, Estados soberanos e possíveis IPOs, uma ideia começa a ganhar força: o futuro da De Beers poderá ser africano. E, desta vez, não por via indireta, mas com poder acionista real.

Para já, os corredores de poder em Luanda, Gaborone e Londres fervilham com cálculos e reuniões discretas. O que está em jogo não é apenas uma empresa: é o futuro do mercado global de diamantes naturais e o lugar de África nesse mapa. O seu a seu dono.