
Em comunicado, o Igepe refere que a decisão foi tomada hoje, em assembleia-geral extraordinária da LAM, no "âmbito do processo de revitalização" da companhia aérea estatal, avançando com "efeitos imediatos" a cessação de funções de Marcelino Gildo Alberto, até agora presidente do conselho de administração, e dos administradores Altino Xavier Mavile e Bruno Miranda.
Foi também aprovada a nomeação de um conselho de administração não executivo, composto por representantes das empresas estatais que este ano passaram a ser acionistas da LAM: Portos e Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM), Hidroelétrica de Cahora Bassa e seguradora Emose.
Foi ainda aprovada a nomeação de uma "comissão de gestão, subordinada ao conselho de administração não executivo, com funções executivas, encarregue de conduzir a gestão da empresa e garantir a continuidade das operações", e que será presidida pelo sérvio Dane Kondic, antigo diretor executivo da Air Serbia e ex-presidente do conselho de administração da portuguesa euroAtlantic.
O Governo confirmou na semana passada que vai avançar com uma auditoria forense às contas da LAM dos últimos dez anos e reestruturar a empresa, com cerca de 900 trabalhadores.
O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, disse em 28 de abril que há "raposas e corruptos" dentro da LAM, com "conflitos de interesse" que impediram a restruturação da companhia em 100 dias.
Ao apresentar os resultados referentes aos primeiros 100 dias de governação, o chefe de Estado denunciou pessoas "com conflitos de interesses" dentro da companhia estatal, cujo objetivo é impedir que a LAM "tenha aviões próprios".
"Uma das ações de impacto que tínhamos previsto para estes 100 dias era a aquisição de três aeronaves para a LAM. Entretanto, quando decidimos que teríamos disponíveis pelo menos três aeronaves antes de 100 dias, descobrimos que dentro da LAM fomos entregar raposas para cuidar de um galinheiro, ou gatos para cuidarem de ratos", disse o Presidente de Moçambique.
Afirmou que interessa a essas pessoas que a companhia "continue a alugar aviões, porque com aluguer de aviões ganham comissões", e o Governo, que decidiu restruturar a LAM, teve que "reorientar o processo, uma vez que é importante que se cuide dos interesses do povo e não interesses de pessoas ou de grupos".
O Governo autorizou, em 05 de fevereiro, a venda de 91%, a empresas estatais, da participação do Estado na transportadora LAM, indicando que o valor vai ser usado para aquisição de oito aeronaves, ações que visavam restruturar a empresa no âmbito dos 100 dias de governação.
A resolução aprovada pelo executivo moçambicano determina que apenas a CFM, a HCB e a Emose podiam adquirir a participação do Estado na LAM.
O Presidente da República prometeu uma ampla restruturação na LAM, incluindo recursos humanos, prometendo aos moçambicanos uma nova fase da companhia de bandeira.
Daniel Chapo afirmou que no contexto do processo relativo à aquisição das três aeronaves "saíram de Moçambique pessoas, com dinheiro dos novos acionistas disponível, e foram ficar 15 dias na Europa para inspecionar aviões e voltarem para Moçambique a dizer que não conseguiram inspecionar nem um avião sequer, coisa que não faz sentido e não tem lógica".
"Quando descobrimos que dentro da nossa empresa está implantado um antro de corruptos (...) decidimos cancelar o concurso, vamos restruturar a empresa, colocá-la limpa com pessoas competentes que querem trabalhar para o povo moçambicano", concluiu.
Há vários anos que a LAM enfrenta problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à deficiente manutenção das aeronaves.
PVJ // MLL
Lusa/Fim