
Rodrigo Leal entrou para a história do Internacional Junior Leiria como o 10.º título de singulares para Portugal em 30 edições de um dos mais antigos e prestigiados torneios de ténis portugueses, integrado no circuito júnior (sub-18) da Federação Internacional de Ténis.
O torneio é organizado desde 1996 pelo Racquet Sports & Social Club Leiria e já coroou jovens que mais tarde vieram a cotar-se como estrelas do ténis internacional, desde o antigo n.º1 mundial e campeão de Roland Garros, João Carlos Ferrero (atual treinador de Carlos Alcaraz), até à vencedora de dois torneios do Grand Slam de pares, Zhang Shuai (ex-22.ª WTA de singulares), passando por Nuno Borges, o melhor português da atualidade, ex-top30 ATP, que no ano passado derrotou o enorme Rafa Nadal numa final do ATP Tour.
Ao longo de uma semana, cerca de 200 jovens sub-18, representando três dezenas de países, participaram nos torneios de singulares e pares, femininos e masculinos, ao mesmo tempo que 47 crianças de clubes portugueses jogaram uma etapa do Smash Tour, o circuito da Federação Portuguesa de Ténis para o escalão de sub-10.
Rodrigo Leal, de 17 anos, justificou o favoritismo de 1.º cabeça de série, não perdeu qualquer set no torneio e na final de singulares derrotou o espanhol Max Villar, o 5.º pré-designado, de 16 anos, por 6-4 e 6-3. Um título improvável, devido a uma infeção no pé esquerdo que trouxe de dois torneios na Grécia. Duas semanas antes de vir a Leiria, disseram-lhe que seria impossível recuperar a tempo.
Foi o seu segundo título ITF de sub-18, após o J30 de Vilamoura do ano passado em 'hardcourts'. Este J60 de Leiria ostenta uma categoria superior e realizou-se em terra batida. Foi o culminar de uma fase extremamente positiva de Rodrigo Leal, que nas semanas anteriores tinha feito duas finais seguidas na Grécia.
Houve um certo sabor a desforra do jogador de Montemor-o-Novo, que treina no LX Team e representa o Paço do Lumiar, embora, há uns anos, num evento de sub-16 da Tennis Europe, já tivesse saído vencedor de outro duelo com este mesmo Max Villar.
Simplesmente, na véspera da final de singulares de Leiria, disputou-se a final de pares e o madrileno Max Villar - que brilha com uma bela esquerda a uma mão - tinha-se apoderado do título de pares, ao lado do ucraniano residente em Espanha, Yurii Hoida.
O espanhol e o ucraniano eram os 6.º cabeças de série e derrotaram na final exatamente o português Rodrigo Leal, associado ao francês Thomas Piot, que treina na Academia Cunha e Silva, em Oeiras, os 1.º cabeças de série, por 6-3 e 6-4.
No torneio feminino, a melhor portuguesa foi Maria Carneiro, de 16 anos, que chegou às meias-finais. A campeã regional de sub-16 da Associação de Ténis de Lisboa estava a jogar apenas o seu segundo torneio ITF de sub-18.
Sagrou-se campeã a sueca Louise Ternstrom, de 17 anos, a 3.ª cabeça de série, que vergou na final de singulares a esquerdina espanhola Sofia Barrios Garcia, de apenas 15 anos e 13.ª pré-designada, por 6-2 e 6-1. Barrios é a atual campeã de sub-16 do Mutua Madrid Open.
No dia anterior Louise Ternstrom tinha perdido a final de pares, ao lado da argentina Isabel Arabarco, com quem formava a dupla 1.ª cabeça de série. Um desaire por 6-1 e 6-4, frente a duas francesas de apenas 14 anos, Capucine Dournès e Elsa Goy, as 7.ª cabeças de série.
Daqui a uns anos, saberemos se algum destes jovens singrou na alta roda do ténis mundial, mas, para o ténis nacional, foi importante voltar a haver um título a ficar em casa. O último êxito português em Leiria datava de 2021, quando Maria Santos tornou-se na única portuguesa a elevar o troféu. Já no setor masculino, Rodrigo Leal foi o 9.º português a vencer e o primeiro desde Daniel Rodrigues em 2016. Os ex-campeões nacionais Nuno Borges e João Domingues, ambos internacionais da Taça Davis, são os dois nomes mais sonantes nesta lista.
«É o meu título mais importante, o que me dá mais pontos, apesar de ter feito meias-finais em Lousada, num J100, um grande torneio», disse Rodrigo Leal, que já pensa no imediato: «Agora vamos para o Porto (a João Valentim Cup, outro J60, no CT Porto) e vamos ver o que sai daqui. Também quero começar a preparar o Campeonato Nacional (sub-18), porque estes ITF são muito importantes, mas o Campeonato Nacional também o é e há que ter isso em mente».